Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
A questão social poderia ser analisada sob dois aspectos
complementares. Na forma tradicional, caracterizada pela realização de
investimentos e dispêndios nas atividades sociais básicas (educação, saúde,
habitação, alimentação, etc), e na forma comportamental, representada por
manifestações de caráter coletivo ou individual, tendo por orientação
princípios filosóficos, religiosos, éticos, dentre outros. Acreditamos,
inclusive, que os investimentos e gastos sociais só evidenciarão eficácia
permanente e estratégica desde que ocorram modificações no comportamento dos
governos (aspecto coletivo) e das pessoas (aspecto individual). É fundamental
estimular o debate e tentar mostrar a importância do capital social
comportamental. Ademais, não só por palavras, mas também mediante atitudes
simbólicas podemos externar bom comportamento. Não basta apenas realizar
investimentos ou gastos na área social, mas precisamos de paz, justiça e
liberdade, do ponto de vista coletivo, bem como do trinômio, amor,
solidariedade e humildade na conduta individual. Com relação ao aspecto coletivo
ou governamental, não é conveniente a busca do poder pelo poder. Orientações
maquiavélicas, por sua vez, não conduzem um povo a uma situação de
tranquilidade política, ordenamento jurídico e crescimento com distribuição de
renda. O poder deve ser conquistado democraticamente. Sob o ângulo individual,
o trinômio mencionado somente será alcançado na medida em que as pessoas possam
ampliar, cada vez mais, os sentimentos espirituais e não apenas os ligados aos
valores materiais. A existência humana não significa somente viver, porém
procurar razões para viver com dignidade.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Publicado no Diário do Nordeste, Ideias. 29/7/2016.
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