Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Lerner Hall é o prédio de convívio dos alunos da Universidade de
Columbia. É na seção de anúncios que está a alternativa de trabalho que se
considera “a mais lucrativa e menos penosa”: vender esperma. Esse é o trabalho
que mais interessa a muitos dos jovens discentes do sexo masculino.
Segundo
afirmam alguns doadores, o preço varia de doador para doador. Uma edição de
abril do jornal universitário anunciava que alunos da Universidade de Columbia
poderiam ganhar de mil a mil e quinhentos dólares em troca de suas células
reprodutivas – bastariam de três a cinco visitas, com intervalos de algumas de
semanas entre essas sessões de colheita.
A venda
da substância será mais lucrativa se o doador for caucasoide e esteja cursando
as universidades de primeira linha: Harvard, Princeton, Columbia e Yale.
O candidato a doador tem primeiro de preencher um formulário detalhado
com perguntas sobre altura, peso, constituição física, etnia, cor de olho e de
cabelo, histórico familiar e, sobretudo, a origem racial.
Homens de ascendência judaica ainda passam por testes para doença de
Canavan, que degenera o cérebro, e disautonomia familiar, desordem do sistema
nervoso cujo principal sintoma é a incapacidade de sentir dor.
Preenchido essas preliminares o candidato é conduzido à sala de colheita,
mobiliada com confortável poltrona coberta com papel-toalha esterilizado,
cremes deslizantes, além do potinho com seu nome gravado. À mão, exemplares de
revistas de mulheres nuas.
Ao terminar, toca uma campainha e entrega o produto de sua doação à
atendente para exames completares, entre os quais mobilidade espermática e
número de espermatozoides por milímetro cúbico de liquido espermático. A
seleção é tão rigorosa, comenta-se, que somente 3% dos candidatos são
considerados aptos à doação.
Para evitar enganos, as pipetas com o precioso líquido são lacradas por
tampas de diversas cores: branca para os caucasianos, marrom para os negros,
amarela para os asiáticos. Uma cruz vermelha para o cristão, meia lua para os
muçulmanos e pela estrela de Davi, se for judeu. Se for aceito, o vendedor é
solicitado a fazer cinco doações por semana e, se aprovado, passa a ter o
direito de receber até dez mil dólares por doação.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
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