Em novembro de 2016, após três anos e meio de
edificação, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec) fez a
inauguração de seu novo prédio; aliás, uma bonita e pujante obra, de arquitetura
moderna, e uma inconteste maravilha urbana de Fortaleza, para a qual transladou
seus serviços.
Encerrada a transferência, a sede anterior ficou
desativada, cabendo ao Cremec arcar com as despesas de manutenção e de
vigilância desse bem. Entretanto, para evitar tais estipêndios, os conselheiros
apontaram, como solução, a venda do imóvel em tela, rechaçando a proposição
original do professor Dalgimar Beserra de Menezes, que postulava o
aproveitamento da estrutura física como um centro cultural médico.
Considerando a carência de equipamentos culturais
no Ceará, a proposta em questão é muito oportuna e bem-vinda, aportando
benefícios diretos à classe médica e com generosas externalidades à comunidade
local, pelo que pode representar à cultura cearense.
Esse equipamento poderia ensejar o acolhimento das
variadas formas de manifestação cultural da Medicina no Ceará, podendo inserir,
dentre outros empregos: museu médico; biblioteca especializada; espaço para
exposição temporária de artes, concertos musicais e lançamentos literários;
salas para cursos e conferências.
Tendo em conta que o prédio antigo foi adquirido, à
época, pelo Cremec, com numerários advindos, sobretudo, das anuidades pagas
pelos médicos aqui registrados, nada mais justo do que conservar esse patrimônio
material, pondo-o à disposição da laboriosa categoria médica atuante no Ceará,
em estreita colaboração com outras entidades médicas sediadas na Terra da Luz.
A edificação, ora desocupada, poderia ter a sua
utilização compartilhada, mediante comodato, com outras instituições, como a
Academia Cearense de Medicina, a Sociedade Brasileira de Médicos Escritores –
Regional Ceará e a Academia Cearense de Médicos Escritores, que nela ficariam
albergadas permanentemente, além da alocação de espaços para eventos culturais
das demais entidades médicas cearenses.
Isso, com segurança, ofertaria uma otimização de
recursos de manutenção do imóvel e ainda renderia dividendos intangíveis à
Medicina e à Cultura cearenses.
Face ao que foi dito, é de bom alvitre que o Cremec
proceda a revisão da indicação de venda da sua sede anterior e a avaliação da
proposta da transformação do edifício em um centro cultural médico.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico; membro do Instituto do Ceará
- Histórico, Geográfico e Antropológico
Fonte: O Povo, de 13/07/2017.
Opinião, p.11.
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