terça-feira, 1 de agosto de 2017

DESAFIOS


A exclusão econômica e social é mais do que uma característica inaceitável da sociedade brasileira. Trata-se de um problema que poderá ameaçar a própria estabilidade da nossa juvenil democracia. Afinal, como podemos legitimar uma democracia cujos frutos não podem ser compartilhados pela maioria da população? Temos uma carga tributária altíssima, mas o que é arrecadado não retorna em favor do cidadão comum no que diz respeito aos serviços públicos que lhe são prestados. A concentração de renda perdura como um dos mais marcantes traços da sociedade brasileira atual. As taxas de juros, ainda muito elevados, inviabilizam os investimentos produtivos. A crise nacional encampa setores básicos da atividade humana, atingindo agudamente a economia, a política, a saúde, a educação, a segurança, em todas as camadas sociais, principalmente as menos favorecidas. Entretanto, é na ética e na moral que se encontra, a gênese, a força-motriz que gera toda a crise em que estamos envolvidos, pois interesses pessoais ou de grupos prevalecem sobre o bem comum. É importante que as autoridades considerem que todos são iguais perante a Lei, conforme consta do Art. 5⁰ da Constituição Federal. Nada de foro privilegiado, por exemplo. O Brasil precisa de propostas e reformas estruturais e estratégicas, não apenas circunstanciais. Não podemos compatibilizar as expectativas do setor produtivo com aquelas do sistema especulativo. No momento, a sociedade exige diretrizes e ações para ampliar o nível de emprego, combater a miséria, melhorar a distribuição de renda, retomar o crescimento econômico e exterminar o câncer da corrupção. São objetivos difíceis, existem os efeitos colaterais negativos, no entanto precisam ser perseguidos.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 24/3/2017.

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