A exclusão econômica e
social é mais do que uma característica inaceitável da sociedade brasileira.
Trata-se de um problema que poderá ameaçar a própria estabilidade da nossa
juvenil democracia. Afinal, como podemos legitimar uma democracia cujos frutos
não podem ser compartilhados pela maioria da população? Temos uma carga
tributária altíssima, mas o que é arrecadado não retorna em favor do cidadão
comum no que diz respeito aos serviços públicos que lhe são prestados. A
concentração de renda perdura como um dos mais marcantes traços da sociedade
brasileira atual. As taxas de juros, ainda muito elevados, inviabilizam os
investimentos produtivos. A crise nacional encampa setores básicos da atividade
humana, atingindo agudamente a economia, a política, a saúde, a educação, a
segurança, em todas as camadas sociais, principalmente as menos favorecidas.
Entretanto, é na ética e na moral que se encontra, a gênese, a força-motriz que
gera toda a crise em que estamos envolvidos, pois interesses pessoais ou de
grupos prevalecem sobre o bem comum. É importante que as autoridades considerem
que todos são iguais perante a Lei, conforme consta do Art. 5⁰ da Constituição
Federal. Nada de foro privilegiado, por exemplo. O Brasil precisa de propostas
e reformas estruturais e estratégicas, não apenas circunstanciais. Não podemos
compatibilizar as expectativas do setor produtivo com aquelas do sistema especulativo.
No momento, a sociedade exige diretrizes e ações para ampliar o nível de
emprego, combater a miséria, melhorar a distribuição de renda, retomar o
crescimento econômico e exterminar o câncer da corrupção. São objetivos
difíceis, existem os efeitos colaterais negativos, no entanto precisam ser
perseguidos.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 24/3/2017.
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