Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Em meados da década de
80 do século passado, tive a oportunidade de participar, como governador do
Estado do Ceará, do processo de redemocratização do Brasil, ao lado de
proeminentes figuras políticas como Aureliano Chaves, Ulysses Guimarães,
Tancredo Neves, Marco Maciel, Franco Montoro, dentre outros. De forma pacífica
e objetiva era desenvolvido um trabalho sério, baseado em propostas, políticas,
econômicas e sociais, aceitas pela grande maioria do povo. De início, eleições
diretas para presidente da República. Sem êxito, procurou-se em seguida a forma
indireta, com base no Colégio Eleitoral, elegendo-se o Dr. Tancredo Neves.
Naquela época havia na sociedade brasileira um clima de euforia e participação
que deram à eleição presidencial um “sabor” e caráter de direta. Começava a
redemocratização do Brasil. Dando-se um salto de aproximadamente 30 anos na
história, vários fatos neste período ocorreram. Hoje, ano de 2017, a euforia
anterior transformou-se em apatia ou depressão cívica, como costumo chamar. Tal
fenômeno não foi consequência da democracia, vale ressaltar, mas das ações de
certos segmentos da população, principalmente, da classe política. Alguns itens
podem ser mencionados como causadores da atual situação: dificuldades
relacionadas, notadamente, aos artigos 2º e 5º da Carta Magna; à implantação da
reeleição; ao foro privilegiado; à endêmica e sistêmica corrupção; aos baixos
níveis educacionais; em meio a outros. Todavia, mesmo diante deste quadro, não
se deve perder a esperança. É preferível uma frágil democracia a qualquer tipo
de ditadura, considerando-se uma visão estratégica e de justiça.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 30/6/2017.
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