Márcia Alcântara Holanda (*)
Essa prática leva os portadores da doença, antes imobilizados pela falta de ar, a uma vida ativa, participativa e saudável
Krieger (2007),
citado no Wikipédia, diz que atleta, no sentido amplo da palavra, é o indivíduo
que pratica qualquer tipo de esporte, ou atividade física que cause prazer ou
melhora da forma física e da saúde.
Dentro desse
amplo significado, dona Alice, uma real e bonita senhora nonagenária, com IMC
de 22, frequentadora assídua, há dez anos, de um Programa de Reabilitação
Pulmonar (PRP) é uma atleta. Indicado por seu médico como terapia para controle
da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que a incapacitava até para as
atividades da vida diária, adotou o programa composto de educação para a saúde
e prática de exercícios físicos capazes de resgatar pequenas áreas pulmonares
ainda funcionantes. Essa prática leva os portadores da doença, antes
imobilizados pela falta de ar e vida sedentária, a uma vida ativa,
participativa e saudável.
Dona Alice é
atleta de fato porque: mexe-se muito na esteira, anda de bike e faz steps, puxa
ferro na estação de musculação, pratica alongamentos, dança, caminha, usa os
medicamentos corretamente, tudo sob a égide de um PRP aplicado por médico e
fisioterapeuta.
Uma afirmativa
da American Thoracic Society (ATS) e European Respiratory Society (ERS)
recomenda fazer PRP como terapia formal para os doentes de DPOC, tanto quanto o
uso dos medicamentos para controle da doença.
A verve de dona
Alice contagia os seus 32 companheiros do PRP que, a exemplo dela, mexem-se
muito também para o prazer de seus corpos e mentes.
Hoje ela se
cuida muito bem e ainda voluntariamente organiza, peça por peça, o ambiente das
atividades que exerce e providencia festas de aniversário e datas especiais do
grupo. Vai às reuniões sociais do seu meio. Recentemente enfrentou uma enorme
fila para comprar um livro e pedir o autógrafo de seu sobrinho neto, que
publicou um belo conto, entre os dos 29 outros autores daquele livro.
Nascida e
criada por pais amorosos, afeita à leitura e aos estudos, dona Alice formou-se
em Direito e, por amor, casou-se com o professor Ferdinando Tamborine, grande
mestre de línguas latinas do Liceu do Ceará. Viveram felizes até a partida dele
para o eterno.
A asma e
pneumonias repetidas minaram os seus pulmões, que com o tempo sofreram
restrições e obstruções em suas vias respiratórias, provocando-lhe falta de ar,
impedindo-a de cuidar até de si própria.
Hoje, vencidas
essas restrições pelo PRP, já como atleta, ela diz: “Respiro muito bem, faço tudo o que eu quero e gosto”. E completa:
“Foi me mexendo muito no PRP que encontrei
muitos momentos felizes. Posso dizer que hoje sou feliz”.
Mexer-se é um
dos maiores trunfos para uma longevidade saudável de corpo e mente.
(*) Médica pneumologista; coordenadora do
Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/12/2017. Opinião.
p.11.
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