Médico-Psicoterapeuta
(NÃO BASTA SABER OU QUERER
É PRECISO SABER AGIR)
A vida nunca foi tão fácil
como é hoje, em nenhuma época da civilização. Não tenho a intenção, nestes
artigos, de repetir a história das famílias e suas transformações. Elas
ocorrem, ocorreram e vão ocorrer em determinadas circunstâncias.
Sem tirar a importância
dos fatores socioeconômicos ou culturais, paradoxos ou contradições do mundo
contemporâneo, acredito que não deva abordar mais do que o necessário sobre
tais aspectos. Creio serem esses aspectos assuntos suficientemente discutidos
em um Mundo que está intoxicado pela Informação e por especuladores do futuro.
Permanecer alardeando que
existe um vácuo na liderança da família ou discutindo sobre quem deveria ser o
chefe, que não necessariamente precisa ser o pai. Que a expectativa de vida
aumentou. Que a emancipação feminina é uma realidade. Que a religião fracassou.
Que há casamentos homossexuais. Que o número de divórcios está aumentando. Que
os lares comandados por mulheres estão aumentando. Que as doenças e distúrbios
psicopatológicos encontram-se em ascensão ou que a organização mental torna-se
fraca, incerta, instável devido a um sistema de organização familiar deficiente
ou disfuncional. Do bullyng à
internet, crise mundial, refugiados e terrorismo. São fatos muito importantes,
sem dúvida, porém repetitivos nos noticiários e parece que disso, todos não
sabem, nem querem saber como esses acontecimentos influenciarão as gerações
seguintes e a atual, os jovens.
Poucos sabem que a
ascendência, quando incapaz de fornecer um suporte satisfatório aos seus
participes, propícia a desorganização ao não aceitar nem resguardar as
diversidades culturais e outras questões básicas para a sobrevivência das
pessoas.
Venho, durante os últimos
10 anos, destacando a importância da organização e da dinâmica familiares, da
disciplina doméstica, do tratar diferentemente um irmão do outro; essas
variáveis estão fortemente associadas à eclosão de neuroses que hoje são por
alguns denominadas de transtornos de internalização traumática.
A falta da presença, no
sistema familiar, de elementos adequados de segurança durante a infância acaba
por formar indivíduos de personalidade desacorde. Não poucas vezes são pessoas
inseguras, agressivas, tímidas, violentas, indo além dessas atitudes
antissociais: perdem a capacidade de elaboração onírica ou de fantasiar diante
das adversidades da vida e passam a ter uma propensão aos diferentes distúrbios
psíquicos e somáticos, principalmente na classe média urbana no Brasil.
Relações marcadas pela descontinuidade (mãe-filho), principalmente no primeiro
ano de vida, estão presentes, com frequência no atual mal-estar social
generalizado. (VOLTAREI AO ASSUNTO)
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União
Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos
(ABRAMES). Consultante
Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Foi um dos primeiros
neonatologistas brasileiros.
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