Médico-Psicoterapeuta
Quando os
avanços tecnológicos antecedem as melhorias psicossociais os resultados podem
vir a ser imprevisíveis e até danosos. Entendo como psicossocial aquilo que é
simultaneamente psíquico e social, tal como uma atividade ou estudo cujo tema
principal são os aspectos psicológicos, levando-se em conta também os aspectos
sociais da nação, considerados estes distintos dos aspectos políticos (condução
e administração da coisa pública), dos aspectos econômicos (aumento e
distribuição da riqueza nacional) e dos aspectos militares (salvaguarda dos
interesses, da riqueza e dos valores culturais da nação).
Na Medicina,
que é a minha praia, os avanços da ciência da informação têm trazido muitos
benefícios e também muitos erros diagnósticos e terapêuticos, que vão do
engraçado – como o caso de uma paciente que foi registrada no computador, por
engano, como diabética, sem sê-lo, e passou fome até o dia da alta; logo ela,
que é uma doceira de mão cheia – ao trágico (não aconteceu no Brasil), quando amputaram
por engano a perna esquerda de um paciente, quando o membro a ser extirpado
deveria ser o inferior direito.
Não sei se é
questão de idade, mais vejo com grande preocupação essa ditadura cibernética.
Dizia-se, no tempo dos livros de textos médicos: “colocar um
equívoco dentro de um livro de texto é fácil… Difícil é retirá-lo”. Agora, na
era do computador, deve ser a mesma coisa? Não saberia dizer!
Como simples
cidadão e médico, tenho consciência de que a medicina é, antes de tudo,
conhecimento humano, mas nada entendo da ciência do Direito. Entretanto, sei
que um tributado que cair na malha fina, em sendo um cidadão comum, fica visado
por toda vida terrestre ou – para quem nisso acredita – por toda a eternidade.
Sei também que a recente descoberta da corrupção decorreu do cruzamento de
dados digitais, com a forte ajuda da delação premiada.
E aí
desmoronou tudo o que parecia tão arrumadinho desde o tempo do Cabral. Cabral?
Refiro-me ao achador do Brasil.
Seja lá como
for, mesmo na era do computador e outras parafernálias eletrônicas (ou não),
faz-se necessário que alguém rompa o silêncio, mesmo sendo um criminoso. Sem as
delações premiadas não seria possível pegar os graúdos. Nos casos de corrupção
governamental, a delação premiada é
insubstituível.
Continua a
ser válido que o Homem (como espécie) ainda é o mais importante fator criativo
e corretivo.
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União
Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos
(ABRAMES). Consultante
Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Foi um dos primeiros
neonatologistas brasileiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário