Médico-Psicoterapeuta
O ser humano é uma espécie
excessivamente criativa. Experimentos neurológicos mostram que, quando fatos
desconexos são apresentados, o cérebro tende a uni-los por meio de narrativas.
Fatos e narrativas não
necessitam ser verossímeis nem coerentes. Embarcamos nessas narrativas porque
essa é a forma pela qual pensamos. Embora devêssemos nos acautelar contra
ideias estapafúrdias ou incabíveis, no momento, e sabendo que até o método
científico deve ser considerado suspeito, por partir de hipóteses que podem ou
não ser corroborado por evidências baseadas sem experiências. E, mesmo depois,
torna-se no máximo uma verdade provisória, sujeita a ser falseada a qualquer
instante, muito embora o método científico seja o oposto dos dogmas das
religiões.
Na psicologia profunda dos
mitos, cavalheiros, donzelas, reis, de Antes de Cristo ou da era Medieval,
podem trazer alguma mensagem de que vivemos no século 21, uma era de psicologia
e tecnologia supostamente avançadas. Será que a psicologia masculina, com seus
aspectos de gênero (masculino ou feminino) mudou? Será que ocorreram mudanças
masculinas ou femininas que a tenham alterado?
No processo de
autoconhecimento dispomos de novas ferramentas, passados cinco mil anos ou mais
anos, que foram capazes de mudar nossas vidas e sentimentos sobre do que mudou
e sobre o modo como reagimos, o que levou a temas atemporais. Não seria melhor
acreditarmos que mitos são histórias sobre a sabedoria existencial?
Quando nos referirmos ao
masculino empregamos a termo humor. Quando falamos do lado masculino do humor
não temos linguagem paralela à vida de uma mulher. Não devemos nem tentar uma
masculinidade medíocre. Esqueceu, quem assim pensa, que o humor masculino
adentra um tipo de feminilidade ainda mais medíocre?
O homem hodierno tem de se
adaptar, porque tem dentro dele um componente masculino, mesmo que seja apenas
por ter que enfrentar uma situação invulgar – ser o macho da espécie – como
pai, marido ou filho. Se desejarmos ser bons ou maduros, temos de sofrer um
processo de acomodação, seja qual for o sexo ao qual pertencemos.
Conclusão: onde o amor
impera, não existe o desejo de poder. E onde o poder predomina, há falta do
amor. Um é a sombra do outro.
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União
Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos
(ABRAMES). Consultante
Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Foi um dos primeiros
neonatologistas brasileiros.
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