quarta-feira, 7 de março de 2018

MULHER E HOMEM

Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
O ser humano é uma espécie excessivamente criativa. Experimentos neurológicos mostram que, quando fatos desconexos são apresentados, o cérebro tende a uni-los por meio de narrativas.
Fatos e narrativas não necessitam ser verossímeis nem coerentes. Embarcamos nessas narrativas porque essa é a forma pela qual pensamos. Embora devêssemos nos acautelar contra ideias estapafúrdias ou incabíveis, no momento, e sabendo que até o método científico deve ser considerado suspeito, por partir de hipóteses que podem ou não ser corroborado por evidências baseadas sem experiências. E, mesmo depois, torna-se no máximo uma verdade provisória, sujeita a ser falseada a qualquer instante, muito embora o método científico seja o oposto dos dogmas das religiões.
Na psicologia profunda dos mitos, cavalheiros, donzelas, reis, de Antes de Cristo ou da era Medieval, podem trazer alguma mensagem de que vivemos no século 21, uma era de psicologia e tecnologia supostamente avançadas. Será que a psicologia masculina, com seus aspectos de gênero (masculino ou feminino) mudou? Será que ocorreram mudanças masculinas ou femininas que a tenham alterado?
No processo de autoconhecimento dispomos de novas ferramentas, passados cinco mil anos ou mais anos, que foram capazes de mudar nossas vidas e sentimentos sobre do que mudou e sobre o modo como reagimos, o que levou a temas atemporais. Não seria melhor acreditarmos que mitos são histórias sobre a sabedoria existencial?
Quando nos referirmos ao masculino empregamos a termo humor. Quando falamos do lado masculino do humor não temos linguagem paralela à vida de uma mulher. Não devemos nem tentar uma masculinidade medíocre. Esqueceu, quem assim pensa, que o humor masculino adentra um tipo de feminilidade ainda mais medíocre?
O homem hodierno tem de se adaptar, porque tem dentro dele um componente masculino, mesmo que seja apenas por ter que enfrentar uma situação invulgar – ser o macho da espécie – como pai, marido ou filho. Se desejarmos ser bons ou maduros, temos de sofrer um processo de acomodação, seja qual for o sexo ao qual pertencemos.
Conclusão: onde o amor impera, não existe o desejo de poder. E onde o poder predomina, há falta do amor. Um é a sombra do outro.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Foi um dos primeiros neonatologistas brasileiros.

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