terça-feira, 2 de outubro de 2018

FATO HISTÓRICO NECESSITA DE LEI PARA SER RECONHECIDO?


Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Refiro-me a Lei 12.124 de 16.12.09 - criando o Dia Nacional da Imigração Judaica com o objetivo de comemorar a contribuição do povo judeu na formação da cultura brasileira. “Dispõe sobre a instituição do dia 18 de março como data comemorativa do Dia Nacional da Imigração Judaica e dá outras providências" / O VICE – PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA faz saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei.
Art.1º. Esta Lei tem por objetivo instituir data para a comemoração da contribuição do povo judeu na formação da cultura brasileira.
Art. 2º. Fica instituído o dia 18 de março como o Dia Nacional da Imigração Judaica.
Art. 3º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação / Brasília, 16 de dezembro de 2009; 188 da Independência e 121º da República / JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA / João Luiz Silva Ferreira / conferir: DOU de 17.12.2009.”
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Vamos ao fato. Na frota dirigida pelo almirante Pedro Álvares Cabral, viajaram como conselheiros especialistas, nada menos que, três judeus, bem equipados com instrumentos inventados por Abraham Zacuto, Mestre João, como astrônomo, o navegador Pedro Nunes e, Gaspar de Lemos, intérprete e comandante de navio. Este último, sido considerado por muitos historiadores, como corresponsável pelo descobrimento do Brasil.
Fosse quais fossem, entretanto, os motivos do alargamento marítimo de Portugal, o certo é que, ele não lograria produzir-se sem o longo período dos aperfeiçoamentos científicos e técnicos que precedeu o grande ciclo das conquistas, e no qual, tiveram papel de sumo relevo, os sábios da época de origem judaica, marranos ou cristãos-novos. Aliás, desde o século XVI, vinham os judeus lusitanos distinguindo-se, primordialmente, nos domínios da Matemática, Astronomia e Geografia, ciências básicas para a navegação oceânica.
Assim, o Infante D. Henrique, ao fundar a Academia de Navegação, escolheu, para sua direção, um dos mais famosos cartógrafos do século XV, o judeu que atendia pelo nome de Jehuda Crescas, indo buscá-lo, especialmente, nas ilhas Baleares. Também com o mestre Jácome de Mallorca, apelidado de “El judio de Jácome de Mallorca”, apelidado também de “El judio de las Brújulas”- devido a sua grande experiência na fabricação de bússolas - teve, por principal missão, ensinar aos pilotos portugueses os fundamentos da navegação e a produção de cartas e instrumentos náuticos.
Permanece fora de dúvidas, que Gaspar da Gama (o judeu poliglota, marrano, cristão novo), faz jus ao epíteto de o primeiro explorador da terra, que lhe dá o nosso Afrânio Peixoto (1875-1947), e mesmo ao co-descobridor do Brasil, que lhe atribuía o sábio Alexandre von Humboldt(1769-1859).
Mas, isto é, praticamente, desconsiderado na historiografia nacional sobre o assunto. Virou quando muito, nota de rodapé. Não será oportuno lembrar que a nossa História também necessita de uma operação avaliadora de peso, para não dizer, uma fiscalização "lava jato?"
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Foi um dos primeiros neonatologistas brasileiros.

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