Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Refiro-me a Lei 12.124
de 16.12.09 - criando o Dia Nacional da Imigração Judaica com o objetivo de
comemorar a contribuição do povo judeu na formação da cultura brasileira.
“Dispõe sobre a instituição do dia 18 de março como data comemorativa do Dia
Nacional da Imigração Judaica e dá outras providências" / O VICE –
PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA faz
saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei.
Art.1º. Esta Lei tem
por objetivo instituir data para a comemoração da contribuição do povo judeu na
formação da cultura brasileira.
Art. 2º. Fica
instituído o dia 18 de março como o Dia Nacional da Imigração Judaica.
Art. 3º. Esta Lei entra
em vigor na data de sua publicação / Brasília, 16 de dezembro de 2009;
188 da Independência e 121º da República / JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA /
João Luiz Silva Ferreira / conferir: DOU de 17.12.2009.”
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Vamos ao fato. Na frota dirigida pelo
almirante Pedro Álvares Cabral, viajaram como conselheiros especialistas, nada
menos que, três judeus, bem equipados com instrumentos inventados por Abraham
Zacuto, Mestre João, como astrônomo, o navegador Pedro Nunes e, Gaspar de
Lemos, intérprete e comandante de navio. Este último, sido considerado por
muitos historiadores, como corresponsável pelo descobrimento do Brasil.
Fosse quais fossem, entretanto, os motivos do
alargamento marítimo de Portugal, o certo é que, ele não lograria produzir-se
sem o longo período dos aperfeiçoamentos científicos e técnicos que precedeu o
grande ciclo das conquistas, e no qual, tiveram papel de sumo relevo, os sábios
da época de origem judaica, marranos ou cristãos-novos. Aliás, desde o século
XVI, vinham os judeus lusitanos distinguindo-se, primordialmente, nos domínios
da Matemática, Astronomia e Geografia, ciências básicas para a navegação
oceânica.
Assim, o Infante D. Henrique, ao fundar a
Academia de Navegação, escolheu, para sua direção, um dos mais famosos cartógrafos
do século XV, o judeu que atendia pelo nome de Jehuda Crescas, indo buscá-lo,
especialmente, nas ilhas Baleares. Também com o mestre Jácome de Mallorca,
apelidado de “El judio de Jácome de Mallorca”, apelidado também de “El judio de
las Brújulas”- devido a sua grande experiência na fabricação de bússolas -
teve, por principal missão, ensinar aos pilotos portugueses os fundamentos da
navegação e a produção de cartas e instrumentos náuticos.
Permanece fora de dúvidas, que Gaspar da Gama
(o judeu poliglota, marrano, cristão novo), faz jus ao epíteto de o primeiro
explorador da terra, que lhe dá o nosso Afrânio Peixoto (1875-1947), e mesmo ao
co-descobridor do Brasil, que lhe atribuía o sábio Alexandre von
Humboldt(1769-1859).
Mas, isto é, praticamente, desconsiderado na historiografia
nacional sobre o assunto. Virou quando muito, nota de rodapé. Não será oportuno
lembrar que a nossa História também necessita de uma operação avaliadora de
peso, para não dizer, uma fiscalização "lava jato?"
(*) Professor Titular da Pediatria
da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União
Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos
(ABRAMES). Consultante
Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Foi um dos primeiros
neonatologistas brasileiros.
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