Bunda de Parteira
escapou, mas...
E o VLT da Vila União, proximidades da Borges de Melo, já
tem sua vendedora de churrasquinho de gato: Canela de Codorna, a enfezada.
Loura oxigenada de 1,40 de altura, bem maguinha, tem uma coisa: pega ar se a
chamarem pelo nome de batismo, verdadeiro insulto. Por conta disso, na
contramão dos que se sentem ultrajados quando apodados, já mandou dois pro
serviço de emergência do Frotão com “escoriações generalizadas na base da
carambola esquerda”, de acordo com jornal de grande circulação.
Quem agora se mete a besta com ela é o bebim Bunda de
Parteira. Por dose caprichada de pôde com um naco de queijo, topou o desafio de
peitar Canela de Codorna, se a chamar pelo nome que lhe deram os falecidos
pais. Com uma condição: não pode ter o mesmo destino dos outros dois que se
arvoraram a fazê-lo e, testicularmente, tiveram por infeliz destino o maior
hospital da municipalidade. Senão, nada de cana. E vem o Bunda se esgueirando
pela Rua do Trilho, como quem não quer nada, querendo.
- Boa tarde,
quer dizer, boa noite, Canela!
- Boa... Que é que tu quer, Bunda?
- Ganhar uma
dose de cana...
- De graça, cana minha tu num
bebe! Sabe disso!
- Né tu que vai
dar não, bicha véa abusenta! É Zé Peixeiro!
- Vai disgotar fossa?
- Não,
Curdulina Galdéria Mocororó de Sousa e Silva...
O caso foi parar na tenda milagreira de irmão Arquimedes.
Pois quando o mestre diz, "tá dizido",
ninguém discute. "Senão, entorta a boca"
Em tempo: o último boletim médico do Instituto Dr. José
Frota informa que inspira cuidado o estado de saúde de um homem de estatura
mediana por nome Antônio Messias Oliveira, que, capado, deu entrada ontem nesta
unidade...
Um dedinho de paz
Vinte
partidas e vinte e uma brigas. De tudo se fez para cessarem os cacetes entre os
jogadores das equipes do Onze Veloz e do Palmeirinhas, do mesmo bairro. Rixa
histórica. Futebol passava longe, ficavam mesmo os tabefes, facas, insultos.
Vez ou outra, sequer a peleja começava e a moçada já se comendo na mão de peia
no mato - vestiários. Padre entrou na parada; papa Francisco, solicitado, tinha
mais o que fazer. Rapaz da ONU esteve no local. Nada. Delegado nem bateu o
centro.
O caso foi parar na tenda milagreira de Irmão Arquimedes.
Pois quando o mestre diz, “tá dizido”,
ninguém discute. “Senão, entorta a boca”.
Conhecedor da índole dos meninos e de suas famílias, propôs algo único em
matéria de desarmamento de espíritos em campo – e nunca mais contendas e
violências, porquanto são quase todos de uma mesma família: trocar as camisas
dos jogadores. Atletas do Onze Veloz metidos nas blusas do Palmeirinhas, e
vice-versa. Incômodo generalizado.
Times em campo, torcida na maior expectativa face ao
estranho cometimento. Contudo, a ideia de irmão Arquimedes venceu. Somente por
um exemplo podemos avaliar o comportamento do todo. Vestido de Palmeirinhas, o
goleiro Lolô do Onze Veloz, sentindo falta de algo mais substantivo, apenas
mordeu de leve o próprio cotovelo, mas conteve-se ao pensar em fazer no
ponta-esquerda adversário (o grande Gusmão) aquilo que o zagueiro Rodrigo, da
Ponte Preta, fez recentemente no atacante colombiano Tiago Tréllez, do Vitória,
em jogo da 2ª Divisão do principal torneio nacional. “Nada de dedada,
meu Deus! Me ajude! Totonho agora é meu brother!”
Fonte: O POVO, de 2/2/2018.
Coluna “Aos Vivos”, de Tarcísio Matos. p.2.
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