Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
Nesse texto, fugindo dos
temas filosóficos (onde a lógica de viver considera a dialética da causa e
efeito), políticos (que envolve a análise dos processos de Estado e de Governo
para assegurar justiça, direitos e obrigações), econômicos (consistindo nos
exames da oferta, da demanda, da incerteza, do risco e outros), etc., tentamos
mostrar a ansiedade e o sofrimento de um homem apaixonado que não foi
correspondido por sua amada (Alice). A ideia central foi extraída do poema prosa
“Três Horas” de nossa autoria e constante, inicialmente, do livro “Amor e Dor”.
Alice era uma moça bem intencionada, esperava plantar sementes de amor, pois
assim sua vida ficaria mais interessante. Essa história de amor, talvez paixão,
não apresentou um final feliz. Eis, a seguir, as sete estrofes do mencionado
poema prosa: 1. Estou no restaurante sozinho; são três horas; já está tarde pra
jantar; Alice ainda não chegou. 2. Ainda virá? Pergunto-me; além da fome, sinto
sua falta; gostaria de depois amar. 3. Já é tarde, são três horas, madrugada
triste; ao lado, um casal bebendo e feliz; com certeza aguardam bons momentos.
4. Em outra mesa quatro boêmios cantam Lupicínio; “Nunca”, “Vingança”, “Volta”,
“Cadeira Vazia”... 5. Meu coração sofre, são três horas; à minha frente uma
cadeira vazia; Alice não mais virá. 6. Vou-me embora, abatido; não bebi e não
beberei; sóbrio, enfrentarei a decepção; Alice está com outro amor. 7. Já são
mais de três horas; magoado e cabisbaixo; vou caminhando para casa; pensando, quase
chorando; Alice me abandonou. Assim, diante da realidade, disse a mim mesmo:
para conquistar o coração de uma mulher, devo primeiro alterar o meu, bem como
ter a consciência de que a compreensão e a tolerância permitem alcançar a paz.
Lembrei-me de Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 25/1/2019.
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