De R$ 3,40 em R$
3,40...
João Cará em casa, enfim. Telefone toca - sexta-feira,
beirando meio dia. De novo a irmã Neinha – especialista em dar conta de quem
morreu – com as últimas, direto do complexo velatorial que ama frequentar.
Notícia de enterro é com ela.
- João, chuta quem é o morto da vez, aqui na minha
frente!
- Acabei de
sair daí e já tem outro?
- Ora se! Se arrume que às 15 horas tem novo chororô aqui
na funerária top!
- Neinha, ainda
tô com o cheiro do derradeiro defunto.
- Vai ter que voltar e me fazer companhia. É Pedim Babau
que bateu a biela!
- Tio Pedim?
Não! Aguento mais não! É o quinto velório só essa semana...
- Venha, senão mãe briga!
- Parece que
morrer tá na moda! Posso ao menos dormir uma coisinha?
- Sim. E como tem mais dois no ponto de ‘fazer a
passagem’ de hoje pra amanhã...
- ‘Quens’?
- Mororó e Dalmizinho!
- Que minha
irmã sugere?
- Traga rede e lençol!
- ‘Tarará’
dizendo que depois desses aí é a minha vez?
- Não! É pra tu não ficar gastando esse horror de
dinheiro com passagem!
Mais uma do Giovani
Oliveira
Vejam só a sugestão de título de um bolero que maestro
Castanhola me enviou: - se saudade matasse, eu morreria mil vezes só para
urinar na tua cova
Matuto do sítio Cafundó vendeu a bicicleta de tromba, quatorze
botijões de gás, dez garrafas de gergelim, três bacorinhos, uma casa do lado da
sombra e veio para Iguatu montar um bar.
Negócio já em funcionamento, o matuto se apressa em
atender o primeiro cliente, tipo esnobe que, estacionando o carro na calçada,
mal se abanca e já pede cerveja, no que é prontamente atendido. Depois do
primeiro copo, o boçal pergunta:
- Você tem Júlio Iglesias?
E o matuto, tadinho...
- Meu senhor, o
tira gosto que tem é tripa de pôico. Séive?
Leal jura que é
verdade
1 – Saindo da ‘rádia’, Jocélio conta a boa: empresário
famoso da terrinha conta que quando dois cearenses se encontram, há três
perguntas que inexoravelmente fazem, exatamente nessa ordem, após o tradicional
“Ei, mah!”. São elas:
- Tá mexendo com o quê?
- E tá dando?
- Tá tirando na faixa de quanto?
É vero! Digo ainda: pode cair no próximo Enem.
2 – No banheiro do macharal, na Ceasa, continua Leal, um
matutinho (estilo dono do bar citado acima pelo Giovani) toma conta do espaço
na maior alegria. Entre atento e solícito, mostra a quem adentra o rolo de
papel higiênico, gritando dissilábico:
- É barro*?
* Se for barro – arrear o barro (obrar), taqui o limpador
das partes!
Motes de morte
Achava que após o mote escandaloso sugerido ao cantador
de Limoeiro (“Se eu morrer sem gozar do seu amor, minh’alma seguir-te-á
‘armada’ até os dentes”), jamais aparecesse algo assemelhado. Mas, vejam só a
sugestão de título de um bolero que Maestro Castanhola me enviou, pedindo
floreado:
- Se saudade matasse, eu morreria mil vezes só para urinar
na tua cova.
Fonte: O POVO, de 16/3/2018.
Coluna “Aos Vivos”, de Tarcísio Matos. p.2.
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