João Brainer Clares de Andrade (*)
Após 15 anos, o curso médico da Uece recebe chancela do
governo do Estado. Camilo Santana noticiou a expansão, que passa a ter duas
entradas anuais. O governador abrandou resistências, tomou fé da qualidade do
curso e reconheceu, enfim, a paternidade. Desde a criação algo conflituosa, mas
necessária contra as forças contrárias, do curso, a Uece resistiu, lutou e
oferece hoje o curso de terceira melhor nota do Brasil no Enade: foi do mínimo
de recursos ao máximo na formação.
Promessas
de estrutura e contratação de professores inundam a história: há vagas nunca
abertas para seleção há mais de 15 anos, e a estrutura no campus do Itaperi
resiste a intempéries do mesmo período. O sucesso é mérito intrínseco e de
instituições parceiras: professores e alunos se uniram para uma formação de
contato próximo, com práticas nas comunidades e na rede pública hospitalar
estadual. Artesanalmente, nascem médicos com senso comunitário e com as
digitais da saúde pública do Ceará.
A despeito das discussões sobre o número de médicos
formados por ano no País, apenas uma entrada anual gera ociosidade com custo
por aluno desproporcional ao orçamento. Duas entradas anuais equalizam parte do
problema, mas aprofundam outros. Eis o curso mais longo e com práticas em
grupos pequenos, o que requer docentes efetivos, mais vagas de professores de
práticas médicas e servidores estaduais que possam transferir algumas horas ao
curso de Medicina.
O
ônus da duplicação, no entanto, qualifica uma rede, e não apenas o curso. Os
hospitais estaduais precisam ser definitivamente integrados como rede de
hospitais universitários, ganhando com os recursos do credenciamento,
qualificação de protocolos, integração docente, residências e pós-graduação. E
ao Itaperi, ampliação de laboratórios e integração com a UPA Itaperi e unidades
de saúde, além da possibilidade de acolher uma policlínica de especialidades.
Visão
de futuro e promessas cumpridas compõem a prescrição essencial para o
crescimento do curso médico público estadual do Ceará: mais oportunidades para
o curso que, sob muito esforço, tenta fazer o melhor.
(*) Médico pela Uece e neurologista.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 23/2/19. p.22.
Nenhum comentário:
Postar um comentário