Artur
Bruno (*)
Uma das
muitas falácias apregoadas por setores conservadores é que os movimentos
ambientais entravam o desenvolvimento econômico. Nada mais falso. Um dos
fundamentos do Estado brasileiro é a livre iniciativa, isto é, o direito a
todos de empreender. Ao mesmo tempo, o Estado reconhece que a dignidade humana
depende da existência de um meio ambiente equilibrado.
Estes dois
princípios quando em vez entram em conflito, posto que é comum uma atividade
econômica causar danos ao meio ambiente. Estes impactos, se desregrados, podem
ser irreversíveis. Os exemplos de Mariana e Brumadinho deixam claro que a
premissa do respeito às leis ambientais é inquestionável.
O meio
ambiente, por sua vez, não deve servir de obstáculo intransponível à existência
humana. É preciso que as fiscalizações e estudos sejam feitos de forma
desburocratizada. Para que estes conflitos sejam equacionados de forma racional
e técnica, existe o licenciamento ambiental, presente em qualquer país
desenvolvido.
É através
dele que o Estado exerce controle sobre as atividades humanas que interferem
nas condições ambientais. É a busca da conciliação do desenvolvimento econômico
com o uso dos recursos naturais, verificando localização, instalação, ampliação
e operação das atividades.
Neste
quesito, o Ceará dá exemplo ao País, sendo o único estado onde todos os grandes
empreendimentos, que possam gerar impactos relevantes aos recursos naturais,
precisam passar pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema). É uma entidade
composta por 37 conselheiros vindos de instituições governamentais,
universidades, entidades ambientalistas e ONGs.
Mesmo com
todo este rigor, o Ceará foi, em 2018, o 1º estado do Brasil - em termos proporcionais
- em capacidade de investimento (o 2º em termos absolutos) em relação à Receita
Corrente Líquida, tendo aplicado 15% de seu orçamento, ou seja, R$ 3 bilhões.
Crescimento econômico e responsabilidade ambiental podem - e devem - andar
juntos e são fundamentais para a garantia da sustentabilidade e sobrevivência
humana.
(*) Secretário
do Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMA) do Estado do Ceará. Sócio do
Instituto do Ceará.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 21/2/19. p.16.
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