sexta-feira, 5 de abril de 2019

AOS VIVOS: "O amor é lindro, mas é vrido"... e outros causos


"O amor é lindro, mas é vrido"

Em meio a esse “chuvuêro” todo, vem à mente a história do homem que queria vender a casa, botou placa na porta e esperou comprador. Uma semana e nenhum pé de pessoa. Sentiu vontade de tomar uma bicada de cana e deixou o filho menor de idade no lugar. Deu sorte, logo aparece interessado.
Bruguelo solícito guia o candidato. Que pretende mudar-se imediatamente. Passa em revista cada compartimento. Muro firme, armadores pra 35 redes, cacimbão, mangueira botando. A casa é “comprável”. Mas, a pergunta derradeira feita ao menino – na natural sinceridade do menino – espanta o sujeito.
- Tem goteira?
- E muita. Mas fique tranquilo, doutor! É só quando chove!!!
Mortinho da silva!!!
Bernadete casou-se tinha mais de 70 anos. O marido Arquibaldo, viúvo de 85. A família do velhinho aprovou o casório por entender da necessidade de companhia. Casal desfruta de harmonia apenas dois anos, em sítio isolado da cidade. Velhinho começa enguiçar. Uma semana de dores, mezinhas, preces e o homem piora.
A urgência impõe a Bernadete alugar carro de praça e partir à busca de médico 20 quilômetros dali. Ninguém da família dele, nos arredores, avisado. Enfim, paciente medicado no hospital e já o alívio. Na mente dela, “eu já devia ter trazido meu bebê ao dotô”. Ainda sonolento, Arquibaldo é posto no banco do passageiro e faz do ombro esquerdo dela o amparo amoroso onde repousará a cabeça até em casa.
Viagem longa. Bernadete nem bem respira para não acordar o príncipe. Dez minutos de estrada e o braço totalmente dormente, doendo, mas ela não se bole. Feito “estauta”, impossível ver o jeitão do moribundo. Grunhe benditos. Chegam ao sítio. Familiares de Arquibaldo flecham para o carro. Madrasta pede silêncio, “o pai de vocês dorme”. Um dos rapazes se aproxima e observa o corpo lívido, hirto...
- Dorme o quê, Bernadete! Pai tá é morto!
E tava!!!
Sem assunto
O amigo Giovani Oliveira conta que o saudoso Chico Júlio era figura ilustre em Iguatu. Espirituoso e dono de um humor contagiante. Certo dia, preparava-se para tirar a sua soneca depois do almoço quando o telefone toca e a filha dele atende:
- É da residência do senhor Francisco Holanda?
- É sim.
- Ele está?
- Está.
- Eu gostaria de falar com ele.
A moça se dirige ao pai, já cochilando, e fala:
- É pro senhor.
Seu Chico, bocejando, atende. A voz do outro lado da linha despeja:
- Senhor Francisco, aqui é da Ôi. Parabéns! Estamos com uma promoção em que o senhor poderá falar duas semanas de graça. Duas semanas! O senhor aceita?
O genial Chico Júlio, responde:
- Aceito não minha filha! Eu tô tão sem assunto!
Fonte: O POVO, de 11/5/2018. Coluna “Aos Vivos”, de Tarcísio Matos. p.2.

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