terça-feira, 18 de junho de 2019

ANSIEDADE E SAÚDE COLETIVA


Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Transformar um problema em uma doença fica mais fácil, pois doença tem remédio, embora nem sempre...

Introdução: Ansiedade é a sensação de receio ou de apreensão sem causa evidente, à qual se agregam fenômenos somáticos como taquicardia, sudorese, etc. Segredo é aquilo que não pode ser revelado; sigilo.
Não simpatizo com definições. Caso curtas geralmente são incompletas; quando longas perdem a sua razão de ser. Daí minha relutância em decidir qual a mais apropriada para sentirmos a complexidade das emoções humanas. Acordo com a frase: as emoções são individuais.
A ansiedade é uma emoção normal do ser humano, comum ao se enfrentar algum problema no trabalho, antes de uma prova ou diante de decisões difíceis. No entanto a ansiedade, quando excessiva, pode se tornar uma doença, ou melhor, um distúrbio. 
A internet modificou a relação humana com o tempo e o espaço; o conhecimento ficou diferente, mas nunca as emoções.
Epidemiologia: (Sinonímia: ciência que trata das epidemias, suas causas, efeitos, curas, envolvendo todos os tipos de doenças além das infectocontagiosas causada por vírus ou bactérias)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) assinala que 322 milhões de pessoas pelo mundo sofrem de depressão, 18% a mais que há dez anos. O número representa 4,4% da população do planeta.
No caso do Brasil, a OMS estima que 5,8% da população nacional é afetada pela depressão, o que coloca o País no quarto lugar:— A ansiedade é o maior do problema de Saúde Coletiva. O ranking é liderado pela Ucrânia, com 6,3% da população em depressão. Estônia, Estados Unidos e Austrália ficam na segunda posição, com 5,9%.
A taxa média brasileira supera a de Cuba, com 5,5%, a do Paraguai, com 5,2%, além de Chile e Uruguai com 5%.
As mulheres são as principais afetadas, com 5,1% delas em depressão. Entre os homens, a taxa é de 3,6%. Em números absolutos, metade dos 322 milhões de vítimas do distúrbio vivem na Ásia. E tem mais: A depressão é a enfermidade que mais contribui com a incapacidade no mundo, em cerca de 7,5% ela está presente. Ela é, também é, a principal causa de mortes por suicídio, com cerca de 800 mil casos por ano. Os números de suicídio representam uma alta de 15% em comparação ao ano 2005.O Brasil lidera na América Latina e no mundo, com 9,3% da sua população com algum tipo do transtorno de ansiedade.  No Paraguai, a contribuição é de 7,6%, contra 6,5% no Chile e 6,4% no Uruguai.
Dan Chisholm (especialista da OMS para assuntos da saúde mental) adverte que é difícil lembrar um fator isolado que explicaria a alta taxa de transtornos de ansiedade.
E continua:
"Ao contrário de outras doenças, existem muitos fatores que atuam de forma conjunta para criar esse cenário". No caso do Brasil, entre os principais fatores de risco que podem pesar sobre os brasileiros incluem-se:
A situação econômica inerente ao país, os níveis de pobreza, desigualdade, desemprego e recessão. Além disso, existem fatores ambientais, como o estilo de vida em grandes cidades”.
Levando-se em conta o que foi ressaltado, faz-se necessário emitir sinais de alerta. Não estranho esses resultados estatísticos, mas sim o silêncio das mídias profissionais ou sociais, que são tão influentes.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES). Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).

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