Jurandi Frutuoso
O Sistema Único de Saúde (SUS) está
efetuando esforços para que os riscos advindos do coronavírus não se
concretizem. Para que isso ocorra é necessário competência e tranquilidade na
construção da resposta ao agravo. O Brasil é capaz de enfrentar essa ameaça com
o mesmo êxito com que combateu a Síndrome da Angústia Respiratória Aguda
(2002/2003), H1N1 (2009) e a Zika (2015). Nessas epidemias ganhou-se
experiência e estruturou-se ainda mais o sistema de saúde, deixando-o apto a
enfrentar o Covid-19.
As infecções respiratórias pelos
coronavírus em humanos são causadas por espécies de baixa patogenicidade,
levando ao desenvolvimento de sintomas do resfriado comum, mas podendo causar
infecções graves em grupos de risco, sobretudo idosos. Antes da epidemia na
China, duas espécies de coronavírus foram responsáveis por surtos de síndromes
respiratórias agudas graves (Sars e Mers). Agora é a vez do Covid-19 assustar o
mundo! A clínica da infecção é muito ampla e pode variar de um resfriado à uma
pneumonia severa. O paciente pode apresentar febre, tosse, complicações
respiratórias, além de lesão cardíaca e infecção secundária.
O vírus se alastra em todos os
continentes e exige vigilância. As proporções da epidemia são imprevisíveis,
mas, apesar da transmissão ser maior que a da H1N1, a mortalidade é menor (2 a
3%). Na H1N1 chegou a 17%. A identificação do novo coronavírus é feita em
laboratório por meio de técnicas de RT-PCR e sequenciamento do genoma viral. O
monitoramento da epidemia está sendo feito com competência pelo Centro de
Operações de Emergência em Saúde Pública (COE), liderado pela Secretaria de
Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde (MS), com total transparência.
Pessoas que apresentem sintomas
respiratórios e febre devem procurar os serviços de saúde para receber os
cuidados necessários. Serão considerados casos suspeitos, pacientes que
apresentem febre e pelo menos um sintoma respiratório - tosse e dificuldade para
respirar - e tenham viajado para os países em monitoramento ou que tenham tido
contato próximo com pessoas infectadas pelo coronavírus.
Vacinas estão sendo buscadas e
medicamentos também, mas a prevenção mais eficaz é simples: lavar as mãos com
água e sabão ou higienizá-las com álcool em gel a 70%; não tocar o rosto e
mucosas; cobrir nariz e boca ao espirrar e tossir; não compartilhar objetos de
uso pessoal; manter ambientes bem ventilados e evitar contato próximo com
pessoas infectadas.
A identificação de oito casos
confirmados no Brasil, fez com que o MS revisasse os planos de contingência e
os enviasse às secretarias estaduais para adequação, quando necessário à
estruturação da rede assistencial, visando o cuidado aos pacientes graves (15%
dos acometidos). Os demais serão cuidados pela Atenção Primária à Saúde.
Estamos diante de uma situação grave,
que exige responsabilidade dos governantes, competência do sistema de saúde e
consciência cidadã - caminhos para o sucesso no combate ao Covid-19. Reforçar a
vigilância, fortalecer a assistência, manter a transparência são partes da
estratégia. Sem fake news, por
favor!
Fonte: Publicado In: O Povo, de 6/3/2020. Opinião.
p.17.
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