segunda-feira, 6 de abril de 2020

CORONAVÍRUS: a nova ameaça


Por Jurandi Frutuoso (*)
O Sistema Único de Saúde (SUS) está efetuando esforços para que os riscos advindos do coronavírus não se concretizem. Para que isso ocorra é necessário competência e tranquilidade na construção da resposta ao agravo. O Brasil é capaz de enfrentar essa ameaça com o mesmo êxito com que combateu a Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (2002/2003), H1N1 (2009) e a Zika (2015). Nessas epidemias ganhou-se experiência e estruturou-se ainda mais o sistema de saúde, deixando-o apto a enfrentar o Covid-19.
As infecções respiratórias pelos coronavírus em humanos são causadas por espécies de baixa patogenicidade, levando ao desenvolvimento de sintomas do resfriado comum, mas podendo causar infecções graves em grupos de risco, sobretudo idosos. Antes da epidemia na China, duas espécies de coronavírus foram responsáveis por surtos de síndromes respiratórias agudas graves (Sars e Mers). Agora é a vez do Covid-19 assustar o mundo! A clínica da infecção é muito ampla e pode variar de um resfriado à uma pneumonia severa. O paciente pode apresentar febre, tosse, complicações respiratórias, além de lesão cardíaca e infecção secundária.
O vírus se alastra em todos os continentes e exige vigilância. As proporções da epidemia são imprevisíveis, mas, apesar da transmissão ser maior que a da H1N1, a mortalidade é menor (2 a 3%). Na H1N1 chegou a 17%. A identificação do novo coronavírus é feita em laboratório por meio de técnicas de RT-PCR e sequenciamento do genoma viral. O monitoramento da epidemia está sendo feito com competência pelo Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COE), liderado pela Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde (MS), com total transparência.
Pessoas que apresentem sintomas respiratórios e febre devem procurar os serviços de saúde para receber os cuidados necessários. Serão considerados casos suspeitos, pacientes que apresentem febre e pelo menos um sintoma respiratório - tosse e dificuldade para respirar - e tenham viajado para os países em monitoramento ou que tenham tido contato próximo com pessoas infectadas pelo coronavírus.
Vacinas estão sendo buscadas e medicamentos também, mas a prevenção mais eficaz é simples: lavar as mãos com água e sabão ou higienizá-las com álcool em gel a 70%; não tocar o rosto e mucosas; cobrir nariz e boca ao espirrar e tossir; não compartilhar objetos de uso pessoal; manter ambientes bem ventilados e evitar contato próximo com pessoas infectadas.
A identificação de oito casos confirmados no Brasil, fez com que o MS revisasse os planos de contingência e os enviasse às secretarias estaduais para adequação, quando necessário à estruturação da rede assistencial, visando o cuidado aos pacientes graves (15% dos acometidos). Os demais serão cuidados pela Atenção Primária à Saúde.
Estamos diante de uma situação grave, que exige responsabilidade dos governantes, competência do sistema de saúde e consciência cidadã - caminhos para o sucesso no combate ao Covid-19. Reforçar a vigilância, fortalecer a assistência, manter a transparência são partes da estratégia. Sem fake news, por favor! 
(*) Médico, secretário executivo do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), conselheiro nacional de Saúde.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 6/3/2020. Opinião. p.17.

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