Por Luiz Gonzaga Fonseca
Mota (*)
Diz-se
que: “quando a esquerda começa a contar
dinheiro, converte-se em direita” e, por sua
vez, quando a direita deixa de contar dinheiro, vira esquerda. Essas
observações mostram a importância dos aspectos monetários na formação do
pensamento e das atitudes, ao longo do tempo, de boa parte da humanidade.
Estudiosos abordaram tal comportamento à luz de princípios políticos, éticos e
morais. Assim, por exemplo, aconteceu na Antiguidade, com Platão, na segunda
metade do século XIX com Engels, e mais recentemente com Max Weber, dentre
muitos outros. Nos dias atuais, o pragmatismo está ocupando espaço das opções
institucionais, o que nos confunde e aumenta as dúvidas relacionadas com a
existência e a verdade, analisadas por Sartre. Acreditamos serem as
manifestações pragmáticas influenciadas pelo maniqueísmo direita e esquerda,
pela ânsia do poder, pela falta de solidariedade, pelo individualismo e pela
ausência de sentimentos espirituais. O Estado existe não para ser opressor,
tampouco de direita ou de esquerda, mas para assegurar os princípios básicos da
democracia.
Precisamos nos voltar para o conhecimento das verdades essenciais, objetivando
alcançar os valores éticos indicadores de um mundo social baseado nos conceitos
de justiça e de igualdade de oportunidades. Ademais, um líder não se faz por
instrumentos ou mecanismos artificiais, mas pelo reconhecimento livre e
soberano do seu povo. Forçar o surgimento ou destruir uma liderança, usando
segmentos da falsa mídia e “marqueteiros” gananciosos poderá gerar uma farsa
administrativa e política. Aqueles que assumem um cargo na vida pública
pensando em fazer negócios e não trabalhar pelo povo, não são democratas, pelo
contrário, são tiranos enrustidos, dominados por forças da corrupção. Não ao
maniqueísmo, direita e esquerda mas sim à defesa da democracia apoiada na
liberdade e na justiça social.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 15/5/2020.
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