Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)
O isolamento social trouxe, para muitos, a oportunidade de uma
autoavaliação de comportamentos, de valores e principalmente um reafirmar da
fé. Conscientizamo-nos de nossas fragilidades e finitude e que nada somos sem
Deus e precisamos da presença de Jesus, o Senhor das Santas Chagas.
A fé, a religião não são ópios, muito menos mecanismos de fuga, ao
contrário, acredito que a fé é determinante para enfrentarmos e superarmos o
que vem pela frente.
Não sabemos como será nossa realidade pós-pandemia, falasse num
"novo normal", mas acredito que tem que ser a hora da mudança, de
abandonarmos os velhos costumes, falo do comportamento individualista e
consumista, refiro-me ao modo de pensar e de agir que atende apenas aos
interesses do próprio indivíduo, sem se importar com as pessoas que estão em
volta, o que fere gravemente os desígnios de Deus.
Tenho testemunhado que muitos já firmaram essa consciência, muitos se
abriram ao próximo, muitos gestos de solidariedade e preocupação foram
praticados e esse é o legado que deve permanecer.
Não somos anjos é verdade, ninguém vive de vento, todo mundo tem que
comer, que se vestir, mas não precisamos fazer isso de maneira egoísta,
acumulativa. A fé deve nos levar a viver de acordo com a Palavra de Deus, na
solidariedade, na partilha, no amor.
Mesmo em tempos de incerteza, quando existe fé verdadeira, existe
confiança e o sofrimento nos aproximam do Senhor, isso significa que não
devemos concentrar nossa atenção somente nas dificuldades, e sim na presença de
Jesus, que disse: "Neste mundo, vocês terão aflições, mas tenham coragem; eu venci o mundo" (Jo 16, 33).
A esperança é fruto da fé, mas é também o seu sustento. A nossa esperança
tem sentido em Jesus, pois Ele é nossa esperança. Ninguém pode esperar de Deus
a vida eterna, se antes não colocar sua confiança nas promessas de Jesus
Cristo.
Sempre depois de uma tempestade vem a bonança. Tudo vai passar, mas é
preciso um esperar ativo no Espírito Santo, confiante em Deus, e na presença de
Jesus. Se assim nos mantivermos colheremos os frutos de uma fé provada e
vitoriosa.
(*) Fundador e presidente da
Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de
Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O Povo, de 18/7/2020.
Opinião. p.14.
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