Por Lauro Chaves Neto (*)
A pandemia do novo coronavírus delimita o final do
século XX, reconhecido como a era do desenvolvimento tecnológico, porém a crise
veio evidenciar os limites do ser humano, apesar de todo o aparato tecnológico.
Assim, essa crise, além de dramática, tem sido um verdadeiro acelerador de
futuro.
A vida se transformará profundamente nos próximos
meses e anos, alguém que deseje realizar seu projeto empresarial, ou mesmo
pessoal, sob a ótica usada em 2019, estará fadado ao insucesso, porque ainda
não internalizou as mudanças. Ao chegar, o vírus vindo da China deixou o que
era futuro para trás, projetos e planos ficaram suspensos, foram adiados ou
totalmente modificados.
Esta é uma das mais profundas crises da nossa
história recente. Enquanto a vacina não chega, a sociedade permanece em um
"novo normal" - aliás, bem "anormal", pois do antigo padrão
não tem nada. Esta crise está transformando a forma como nos relacionamos com o
mundo, com os outros e com nós mesmos.
Catástrofes e guerras sempre aceleram as mudanças
ao longo da história, vemos isso novamente quando analisamos os impactos da
Covid-19, que está abalando todos os setores da sociedade. Apenas novos padrões
tecnológicos e de comportamento podem nos guiar em direção a soluções. A crise
se propaga por uma rede de disseminação de um território para outro.
As empresas sofrerão um processo de aceleração da
inovação e precisarão ser mais ágeis. As cadeias de valor globais tendem a ser
mais seletivas, provocadas por uma onda de reindustrialização e protecionismo,
principalmente dos Estados Unidos, do Japão e da União Europeia.
Após ser "obrigada" a usar as tecnologias
digitais durante o isolamento, a sociedade tenderá a aderir aos novos hábitos e
os incorporará, desde as reuniões corporativas até os encontros familiares e
pessoais, o mesmo acontecerá na economia.
A sociedade mudou 10 anos em poucos meses, não
voltaremos à realidade existente antes da crise, haverá um "novo
normal" em todos os setores da sociedade, alguns com maior e outros com
menor intensidade. Teremos novos padrões de consumo e de relacionamento humano.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte:
O Povo,
de 15/6/20. Opinião. p.16.
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