Por Profa.
Dra. Thereza Maria Magalhães Moreira (*)
O
Sars-Cov-2 (severe acute respiratory
syndrome coronavirus 2) é o Coronavírus causador da Covid-19 [CO = Corona,
VI = Virus e D = Disease (Doença)]. Os casos da pandemia em um plano cartesiano
(x,y) são uma
função com expoente > 0 e ≠ 1, em que a base é multiplicada por ela mesma n
vezes em x tempo. O
número de casos (transmissores) é a base da função. É representada por uma curva em sino, cuja
meta global é seu achatamento. A fácil transmissão da doença gerou grande
volume de casos mundialmente, com 80% de casos leves e 20% com complicações,
dos quais até a quarta parte (1-5%) requer sérias intervenções terapêuticas,
incluindo uso de respirador em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI).
No
Brasil, a inexistência de unidade na condução da pandemia fez surgir múltiplas
formas de controle da doença, impedindo comparação de alguns dados entre
estados. No Nordeste, um pacto entre governadores firmou o Consórcio Nordeste
para Combate ao Coronavírus. Inicialmente, ainda sem medidas sanitárias
adotadas, Fortaleza tinha transmissão (R0) de 2,01 (uma das maiores do país),
concentrava mais de 80% dos casos do Estado e tinha predição acelerada de pico
para 23 de abril. Mas, após as medidas e dois picos na capital, a transmissão
baixou e houve interiorização da doença, com pico da curva nas cidades mais
próximas da capital e iminência dele (próximas duas semanas) nos demais
municípios cearenses. Atualmente, o Estado soma 144.058 casos e 7.139 óbitos
por Covid-19. O sistema de saúde local não colapsou, mostrando adequação do
modo/tempo das ações realizadas, mesmo com pressões socioeconômicas, fake news
e desinformação.
Como
profissional de saúde, vi amigos doentes, conhecidos morrerem, amigos com medo
largarem escalas e outros mudarem sozinhos de casa, temendo adoecer ou
contaminar um ente querido, mas nada se comparou aos velórios. Foram quatro
meses extenuantes. Agora, das três fases da curva/onda [1) Crescimento exponencial (subida da curva), 2) Saturação (pico e platô) e 3) Decaimento exponencial (recuperados > novos
infectados)], na capital estamos na última, mas precisamos acelerar a descida,
e no interior, muitos municípios estão na fase 2 ou quase lá. Ainda não acabou,
creio que em Fortaleza o pior já passou (dois picos e platô), mesmo com
previsão de casos até final de setembro. O interior está 1-2 meses atrás do
tempo epidemiológico da capital, pois nos interiores dela mais próximos já
passou o pico e descem a curva, enquanto nos mais distantes o pico deve ser até
o final do mês e há previsão de casos até final de outubro/novembro. Com
centralização do controle das medidas tomadas, creio que teremos êxito, a
despeito da não colaboração dos que se reservam o direito de contaminar outrem.
Infelizmente, muitos só compreenderão a situação ao terem óbitos na família.
Defendem que a pandemia acabou, lotam Shoppings e insistem pela volta às aulas.
Mas proteger olhos, lavar mãos, usar máscara e distanciar-se 1,5m (mínimo) de
outras pessoas ainda é fundamental!
(*) Professora do Curso de Enfermagem e do Programa
de Pós-Graduação em da Universidade Estadual do Ceará-UECE. Pesquisadora do
CNPq. Membro do Grupo de Trabalho-GT para enfrentamento à pandemia do
coronavírus da UECE
* Publicado In: Jornal do médico
digital, 1(3): 88-9, julho de 2020. (Revista Médica
Independente do Ceará).
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