Abro a coluna com uma historinha do Saci-Pererê
Fraco, mas cheiroso
Nos
sertões do Nordeste, caçadores e lenhadores costumam pôr na frincha de uma
árvore da mata em que se encontram certa porção de fumo para Santa Clara. A
santa, em recompensa, faz com que naquele dia a chuva não lhes estorve o
trabalho. Em São Paulo há uma superstição semelhante: - quem sai a caçar, em
dia de sexta-feira, tem a obrigação de levar um pedaço de fumo para o
Saci-Pererê. De um caipira mentiroso, fértil no relato de inverossímeis proezas
venatórias, repete-se que o mesmo contava:
- Uma
sexta-feira, eu me esqueci de levar o fumo. Estava pensando nisso, quando o
Saci apareceu e me exigiu o tal tributo que lhe era devido. Fiquei atrapalhado,
mas resolvi ver se enganava o Saci e o matava.
Disse a
ele:
-
"Fumo, mesmo, fumo eu não truxe não, mas truxe o cachimbo carregado."
Aí,
meti-lhe o cano da espingarda na boca e puxei o gatilho. Quando o tiro falou e
eu esperava ver o Saci esperneando e morrendo, ele mexeu com as bochechas, como
se estivesse enxaguando a boca com os caroços de chumbo e, cuspindo a carga da
espingarda, me disse:
- O
fuminho é fraco, mas é até cheiroso...
(Quem
conta é Leonardo Mota em Sertão Alegre)
Fonte: Gaudêncio
Torquato (GT Marketing Comunicação).
Nenhum comentário:
Postar um comentário