Por Tales de Sá Cavalcante (*)
Nossa
família tinha o privilégio de frequentar a casa de praia de meu tio-avô Alcides
Santos, em Paracuru. Certa vez, o fundador do Fortaleza Esporte Clube enviou ao
caseiro um telegrama a dizer: "Encha a piscina. Estarei aí no
feriado." Quem recebeu a mensagem foi o emissor, quando lá já estava.
Hoje, um WhatsApp chegaria de imediato.
A
eficiência da internet deu-nos as redes sociais. Steve Jobs afirmava ser o
computador "como uma bicicleta para nossas mentes". Esse dito e os de
ex-ocupantes de altos cargos no Google, Instagram, Facebook, entre outros,
estão no documentário O Dilema das Redes, da Netflix, matéria de capa da
revista Veja de 30/09/2020.
Tristan
Harris, ex-designer ético do Google, aborda um detalhe dos bastidores: a
inteligência artificial pode manipular pessoas. Justin Rosenstein,
ex-engenheiro do Facebook e do Google, revela que somos mais lucrativos para
uma empresa se ficarmos a olhar uma tela do que a viver de forma significativa.
Jaron
Lanier, um dos "pais" da realidade virtual, declara que os algoritmos
determinam "a gradativa, leve e imperceptível mudança em nosso
comportamento e nossa percepção". E isso pode ditar padrões estéticos e causar
depressão e suicídio, decidir eleições, polarizar opiniões, levar a uma guerra
civil, sem falar em fake news.
Segundo
Harris, quando se trata de uma ferramenta, ela fica parada, esperando. Quando
não é, ela faz alguma exigência. A tecnologia deixou de ser ferramenta para
virar um vício e um meio de manipulação. Ele fecha o filme com um bem-vindo
otimismo: "Como podemos tornar o mundo melhor?"
Lanier
responde: "Sempre que algo mudou para melhor, foi porque alguém disse: (…)
'Podemos melhorar' (…) Os críticos são os verdadeiros otimistas". E
conclui: "Não desejo nada de ruim ao Google ou ao Facebook. Só quero
reformá-los, para que não destruam o mundo."
A
sugestão deste educador, preocupado com seus discípulos e muito mais, é que
você utilize o melhor dos meios. O conhecimento. Assista ao documentário, leia
a reportagem e boa viagem numa bike engenhosamente criada a quatro mãos por
Steve Jobs e Steven Spielberg.
(*) Reitor do FB
UNI e Dir. Superintendente da Org. Educ. Farias Brito. Membro da Academia Cearense
de Letras.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 8/10/20. p.18.
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