No começo do próximo ano, a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção passará a ser administrada por um novo prefeito, proclamado vitorioso na refrega eleitoral acontecida em novembro.
Problemas
de diferentes matizes espreitam avidamente a chegada do próximo gestor-mor da
nossa urbe. Transtornos, dantes meramente crônicos, tanto sociais como
econômicos, foram duramente agravados e agudizados na vigência da pandemia por
SARS-CoV-2 que nos açoita desde os idos de março, quando aqui aportou o
primeiro caso da Covid-19.
Naturalmente
que o Setor Saúde, independente do estrago produzido pelo novo coronavírus,
dentre as prioridades tecnicamente definidas, emerge como uma situação
preocupante e um importante desafio a ser enfrentado pelo alcaide municipal a
ser empossado, que terá que promover políticas públicas efetivas em um cenário
econômico pouco alentador para os anos vindouros.
Os
indicadores de saúde tradicionais, como a mortalidade infantil e a esperança de
vida, que apontavam uma evolução favorável da Saúde Pública dos fortalezenses,
podem revelar uma reversão da sua tendência positiva à conta do incremento das
mortes prematuras e do desarranjo da economia decorrentes da Covid-19.
Considerando
a iniquidade social da distribuição das doenças e dos agravos nas classes
sociais e nos bairros da capital cearense e dos municípios que a circundam,
tem-se que esse aspecto sinaliza a necessidade de intervenção inter-setorial
para atenuar tais distorções. Isso se aplica igualmente às violências e as
doenças infecciosas, tão prevalecentes em nosso meio, que precisam ser
confrontadas considerando os seus determinantes sociais.
A
já descontrolada demanda de serviços assistenciais, que se espelhava nas filas
de espera por procedimentos médicos e na vexaminosa e indigna permanência de
pacientes acomodados nos corredores hospitalares, será exacerbada como
resultado da suspensão oficial de atendimentos eletivos e de natural queda da
procura por cuidados dos usuários temerosos de contrair a Covid-19.
É
bem verdade que a favor do futuro gestor está a capacidade instalada do Setor
Saúde de Fortaleza, muito fortalecida nos últimos anos, mas dele será muito
cobrado o uso eficiente dos recursos se desejar o reconhecimento público.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular de
Saúde Pública-Uece
*Publicado In: O Povo, de 30/11/2020.
Opinião. p.21.
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