Por Vladimir Spinelli Chagas (*)
A
o final de 1977, prestei vestibular para Administração na recém criada (1975)
Universidade Estadual do Ceará - Uece, que naquele ano concretizara sua
instalação. Em 1982, fui nomeado Professor Assistente. De 1986 a 1989 exerci
mandato no Conselho Diretor. De 2006 a 2020 ocupei, continuamente, funções de
Pró-Reitor, Chefe de Gabinete da Reitoria e Diretor de Centro e pertenci aos
seus dois outros Conselhos Superiores: o Universitário e o de Ensino, Pesquisa
e Extensão.
Esse
introito é para mostrar minha convivência com essa jovem instituição, com
tantos serviços prestados à comunidade cearense, à qual de fato pertence.
Durante
esses anos, tenho participado de debates e acompanhado as defesas ferrenhas
pela sua autonomia, mas, de fato, não se pode falar em avanços significativos,
por maiores que eles sejam.
E
essa batalha é a mesma travada em tantas outras instituições de ensino superior
que arguem a necessidade de serem de fato autônomas como manda, por exemplo,
nossa Constituição.
E
o que viria a ser essa autonomia? É sabido que a inteligência constitucional do
Ceará previu um percentual da receita de arrecadação que lhe é, então,
legalmente devida, mas não necessariamente transferida.
Estaria
aí a solução? Se fosse tão simples, as diversas gestões, desde o seu
implantador, o grande reitor Martins Filho, já teriam alcançado êxito e não se
precisaria voltar ao tema.
E
aqui parece haver uma confusão, talvez proposital, com o termo autonomia. Para
uns, autônomas seriam as universidades totalmente livres na prática dos atos
acadêmicos e de gestão. Para outros, isto teria outro nome: soberania, em
contraste aos demais entes governamentais, o que inviabilizaria qualquer
tentativa.
Para
mim, a inviabilidade da autonomia, pela óbvia impossibilidade de a Uece prover
seus próprios recursos seria compensada com o exercício da altivez, em que a
Universidade Estadual do Ceará se senta à
mesa do governo, plena de suas grandes contribuições, da sua riqueza
intelectual e do seu enorme potencial de inovação, para ser a parceira
preferencial em tudo o que diga respeito ao desenvolvimento do Ceará.
(*) Professor
da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do
CRA-CE.
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 7/12/20. p.26.
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