sábado, 13 de fevereiro de 2021

FOFOCAS DE UMA DOMÉSTICA

Atribuído a Luís Fernando Veríssimo

Aproveitando a ausência dos patrões, Dircinéia pega o telefone e fofoca com a amiga Craudete:

- Oi, Crau, hoje de manhã eu fui à feira. Antes de sair, meu patrão me pediu para eu trazer figo. Aí eu perguntei:

- Figo fruta ou bife de figo? - O home ficou uma fera.

Gente fina, seu Adamastor, num ligo não. Ele tem sistema nervoso. Também, com um emprego chato daqueles, vou te contar.

Ele é Fiscal da Receita. Deve ser um saco ficar conferindo receita de médico o dia inteiro. Depois chegou o Adamastorzinho, o filho mais novo deles. Acabou de ganhar um carro todo equipado. Tem roda de maionese, farol de pilha, teto ensolarado e trio elétrico. Não sei por que trio elétrico num carro deve ser porque ele gosta de música baiana.

- Cê num sabe da úrtima? Eu discubri que aqui nessa mansão que eu trabaio é tudo fachada!

- Como assim, Dircinéia? - Pergunta a colega, confusa.

- Nada aqui é dos patrão! Tudo é imprestado! TUDO! Cê cridita numa coisa dessas ? Óia só: a rôpa que o patrão usa é dum tal de Armani... a gravata é dum tal de Perre Cardine... os moveis são do tal Luis quinzi, o carro é de uma tal de mercedes... nadica de nada é deles.

- Nooooossa, que pobreza!

- E além de pobre, eles são muito inzibido, magina que ôtro dia eu escutei o 'patrão no telefone falano que tinha um Picasso.

- E num tem?

- Que nada, fia... é piquinininho de dá dó !'

Fonte: Internet (circulando por e-mails e iPhones). Com a suposta autoria de Luís Fernando Veríssimo.

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