Atribuído a Luís Fernando Veríssimo
Aproveitando a ausência dos patrões, Dircinéia pega
o telefone e fofoca com a amiga Craudete:
- Oi, Crau, hoje de manhã eu fui à feira. Antes de
sair, meu patrão me pediu para eu trazer figo. Aí eu perguntei:
- Figo fruta ou bife de figo? - O home ficou uma
fera.
Gente fina, seu Adamastor, num ligo não. Ele tem
sistema nervoso. Também, com um emprego chato daqueles, vou te contar.
Ele é Fiscal da Receita. Deve ser um saco ficar
conferindo receita de médico o dia inteiro. Depois chegou o Adamastorzinho, o
filho mais novo deles. Acabou de ganhar um carro todo equipado. Tem roda de
maionese, farol de pilha, teto ensolarado e trio elétrico. Não sei por que trio
elétrico num carro deve ser porque ele gosta de música baiana.
- Cê num sabe da úrtima? Eu discubri que aqui nessa
mansão que eu trabaio é tudo fachada!
- Como
assim, Dircinéia? - Pergunta a colega, confusa.
- Nada aqui é dos patrão! Tudo é imprestado! TUDO!
Cê cridita numa coisa dessas ? Óia só: a rôpa que o patrão usa é dum tal de
Armani... a gravata é dum tal de Perre Cardine... os moveis são do tal Luis
quinzi, o carro é de uma tal de mercedes... nadica de nada é deles.
-
Nooooossa, que pobreza!
- E além de pobre, eles são muito inzibido, magina
que ôtro dia eu escutei o 'patrão no telefone falano que tinha um Picasso.
- E num
tem?
- Que nada, fia... é piquinininho de dá dó !'
Fonte: Internet (circulando por e-mails
e iPhones). Com a suposta autoria de Luís Fernando Veríssimo.
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