A pandemia e um novo triciclo de vida
Dedé
Odrin - quem não conheceu o fabricante e vendedor de veneno pra matar barata e
pichilinga mais invocado do Antônio Bezerra? - reaparece faceiro pra contar
mais uma de suas facécias. Num sinal de trânsito nas proximidades do Detran,
oferece saquinhos de seus produtos montado num velho e quengado triciclo. Sem
máscara e álcool gel, sem respeitar distância exigida. De um motorista parado
no sinal da Godofredo Maciel com aquela rua acolá, ouviu dica de vida
interessante, em diálogo igualmente:
- Bote uma máscara, meu peixe! - alertou o chofer do jipe.
- Isso aqui (apontando pro rosto
que Deus lhe deu) é a "mascára"! - respondeu Dedé, na bucha.
- Pois cuide que pandemia é novo ciclo de vida da gente. Novo ciclo!!!
- Pro senhor! Pra mim, só um
novo triciclo!
Na terra como
no céu, até o asfalto!
Mais
uma história de Stepherson Macedo Jereissati de Queiroz (Paraíba), liso como
nunca. Diz ele que um servente de pedreiro da sua paraibana Sousa trabalhava
para a prefeitura na construção de um calçamento, "no pingo do mêi
dia". De repente o filho de um barão do lugar aparece num carrão e dá um
cavalo de pau na obra, jogando areia nos olhos do humilde operário. E se manda.
Lamenta a brincadeira de mau gosto e diz cheio de afobação:
- É, sujeito! Quando nós morrer, vai ser tudo diferente! Eu que terei
prestígio no céu! Quanto a você, nada de carrão pra ficar frescando!
O
servente morreu e foi 'dicretado' parar numa das "moradas de Meu
Pai". Botando os pés nas plagas celestiais, o que vê à frente? A planta de
um grande projeto, à espera do concurso do humilde operário para ser iniciado.
São Pedro chama o rapaz a um canto e fala:
- Taqui um calçamento pro colega
fazer!
Beleza.
Passados alguns dias, quem dá o ar da graça no pedaço? O filho 'imbuanceiro' do
ricaço de Sousa. E encontramos o simplório servente fazendo o tal calçamento de
São Pedro. Sucede que o 'pleiboizinho' torna a dar um cavalo de pau, em carro
ainda melhor. O servente fica fumando numa quenga.
- São Pedro, rapaz! Na terra eu sofri mais que sovaco de aleijado,
aprendendo que quando chegasse no céu ia ser tudo diferente. E esse caba fez
aqui comigo o mesmo que fez lá: num carrão, fez cavalo de pau e jogou areia nos
meus ói.
Sereno,
o velho pescador de Cafarnaum, filho de Jonas, explica:
- Filhinho, você nunca leu
aquela passagem - "Assim na terra como no céu"? Se o elemento tinha
um carrão lá, ele vai ter um aqui também. Mas olhe a compensação: você se
especializou em calçamento. Fique tranquilo, todo o calçamento aqui será
entregue a você!
Cera na
bateria do ouvido
Entre
filhos e netos, seu Djalma (90 anos) conta 120 rebentos. 85% catedráticos nas
coisas da tecnologia. O papo que rola no entorno, pois, é só esse, todos os
dias. Môco das oiças, precisando com urgência fazer lavagem no pavilhão
auditivo, foi a uma loja de conserto e venda de suprimentos para aparelho
celular, em vez do otorrino, na certeza de reaver as "ouvidâncias".
Lá
chegando, a recepcionista pergunta em que poderia ser útil e o velho Djalma diz
qual, de acordo com seus conhecimentos:
- Estou descarregado das oiças, minha bichinha...
Fonte: O POVO, de 10/07/2020.
Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos.
p.2.
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