quinta-feira, 20 de maio de 2021

#VAIDARCERTO

Por Sofia Lerche Vieira (*)

Em 25 de março de 2021, dia em que o Ceará poderia estar celebrando sua data magna, O POVO estampou uma manchete há dias esperada: "uma tragédia imensurável - Brasil atinge marca de 300 mil mortes pela Covid-19". Sinais dessa tragédia estão por toda parte. Para onde quer que se dirija o olhar, parece haver sofrimento, luto e dor.

O que fazer para sobreviver emocionalmente a tamanho estresse? Em circunstâncias como as que ora atravessamos, mensagens de otimismo acalentam a alma. Se assim é em rotas de normalidade, o que dizer de dias tristes como estes que vivemos?

A popular expressão "vai dar certo" incorporada pelo presidente do sistema Unimed e adotada pela cidade como hashtag é uma expressão desse sentimento. Em tempos de sofrimento profundo, buscamos consolo e alento. Palavras de luz ajudam a caminhar. Os relatos diários do Dr. Elias Bezerra Leite sobre o avanço da pandemia na rede sob sua gestão apresentam informações importantes: os números da tragédia e a reinvenção diária de um equipamento de saúde, que se adapta para abrigar mais e mais pacientes. Saber que as portas de um hospital continuarão abertas é tudo que quer ouvir um coração atormentado pelo medo. Acima e além das informações, porém, está o sentimento de empatia que suas lives diárias despertam.

A empatia, esta virtude rara de colocar-se no lugar do outro e exercer aquilo que há de mais humano em nós, é característica essencial aos que exercem funções de liderança. Os gestores maiores da crise sanitária no Ceará - o governador Camilo e o secretário Cabeto - têm evidenciado essa capacidade. Lúcidos e serenos, apesar das críticas de segmentos mais atingidos pela recessão econômica, ambos seguem à frente, incansáveis. Comprovam, assim, que se a história os escolheu para o mais árduo dos desafios, seus perfis de coragem hão de permanecer na memória do tempo e dos dias que virão.

Se vai dar certo, na verdade, não sabemos. Fato é que precisamos de otimismo para não morrer. E o mantra do Dr. Elias é inspirador. 

(*) Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uece e consultora da FGV-RJ.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 29/03/21. Opinião, p.22.

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