Por Fernanda
Araújo (*)
Mais
um decreto de angústia para jovens. A maioria dos alunos do ensino médio está
há 14 meses sem aula presencial. Anos extremamente importantes para seu desenvolvimento
social, emocional e pedagógico. Neste período, eles puderam retomar as mais
diversas atividades. Entretanto, diferentemente de todos os outros alunos, não
puderam voltar às suas escolas.
Nos
mais de 46 mil artigos sobre o tema Covid-19 e escolas, na biblioteca virtual
pubmed, a ciência já nos ensina muito. Escolas com protocolos são seguras para
professores, colaboradores e alunos, com baixíssimos índices de transmissão.
Estudos, inclusive nacionais, mostram: abrir escolas não aumenta a taxa de
transmissão e nem de mortalidade por Covid. Escolas abertas, quando há livre
circulação de pessoas, não aumenta sequer o índice de mobilidade urbana nas
comunidades.
Casos
graves e mortalidade por coronavírus entre adolescentes são eventos raros. Este
ano no Ceará homicídios de crianças e jovens mataram 300% mais que Covid.
Fiocruz acaba de publicar o que já sabíamos há mais de 1 ano: crianças não são
superdisseminadoras da doença, crianças e jovens dificilmente transmitem Covid
para adultos e eles se contaminam geralmente em casa através um adulto
infectado que mora com eles.
Grandes
instituições internacionais, alertam para o risco do fechamento prolongado de
escolas no Brasil. Estima-se que 29% dos jovens nunca voltarão à sala de aula.
Esta ruptura pode, pela primeira vez, levar a uma regressão do nível de
escolaridade dos filhos em relação ao seus pais. É a maior tragédia educacional
da nossa história. Erro grave ou estratégia?
Atividades
não essenciais, algumas com alto risco de contágio, já estão liberadas. Aulas
para o ensino médio, não. Escolas públicas, mesmo com autorização para
reabertura, se recusam a abrir as portas. Estaríamos relativizando o direito
constitucional à educação presencial?
A
mesma ciência que produziu vacina em tempo recorde é a que prova, com
veemência, que escola com protocolo é segura para todos. 425 dias de lockdown
do ensino médio não é ciência. Não culpem a ciência em vão.
(*) Médica e
fundadora do Movimento Escolas Abertas.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 13/5/21. Opinião, p.22.
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