O Prof. Geraldo Wilson da Silveira Gonçalves, médico
pioneiro da Reumatologia no Ceará e um dos fundadores da Academia Cearense de
Medicina, estaria completando hoje, se vivo fosse, o seu centenário de
nascimento.
Em sua longeva existência, de 95 anos, deixou
um legado de bem-querença entre os muitos cidadãos que tiveram a grata
oportunidade de com ele conviver.
Guardei uma relação de amizade com o Prof.
Geraldo Gonçalves desde os tempos universitários na minha alma-mater, como seu
dileto aluno e por participar das lides estudantis, quando ele estava na
direção do Centro de Ciências da Saúde da UFC.
O reconhecimento por sua operante gestão à
frente do CCS/UFC, marcada pelo seu espirito conciliador, foi atestado pela turma
de médicos de dezembro de 1977, que o escolheu como Patrono.
Da Academia Cearense de Medicina
Médico da turma 1977.2
da UFC
Nota do Blog: Para celebrar a presente
efeméride, e antecedendo a homenagem que será rendida ao Prof. Geraldo na
Sessão Remêmora de 2021 da Academia Cearense de Medicina, transcrevo, a seguir,
uma das biografias que publiquei sobre ele.
GERALDO GONÇALVES: sobramista e memorialista
O Prof.
Geraldo Wilson da Silveira Gonçalves nasceu em 8/07/1921, no município de
Acaraú, Ceará. Aos três anos de idade veio morar em Fortaleza, onde recebeu a
apurada educação marista, propiciada pelo Colégio Cearense Sagrado Coração.
Formou-se em Medicina, no Rio de Janeiro, pela Universidade do Brasil, em 1944.
Começou
suas atividades profissionais como generalista, abraçando posteriormente a
Cardiologia, para, finalmente, fixar-se na Reumatologia, tornando-se o primeiro
reumatologista do Ceará. Inaugurou também o ensino dessa especialidade, no
estado, sendo igualmente responsável pela formação de sucessivas gerações de
reumatologistas cearenses.
Iniciou
suas funções no magistério superior, como assistente do Professor Jurandir
Picanço, na primeira Cadeira de Clínica Médica da Faculdade de Medicina do
Ceará, antes mesmo da fundação da Universidade Federal do Ceará (UFC),
desligando-se dessa universidade quando alcançado pela aposentadoria compulsória.
Foi durante muitos anos Chefe do Departamento de Medicina Clínica e Diretor do
Centro de Ciências da Saúde da UFC.
Fora da
docência, Geraldo Gonçalves foi médico da Assistência Municipal de Fortaleza e
manteve uma concorrida clínica privada, na condição de profissional liberal. Em
que pese a sua curta permanência, exerceu uma proveitosa administração à frente
da pasta estadual da saúde, em resposta à nomeação para o cargo de Secretário
de Saúde do Estado do Ceará, no Governo César Cals.
Enquanto
atuou na docência e na especialidade, Geraldo Gonçalves produziu importantes
contribuições à Reumatologia brasileira, com destaque para o seu livro “O Ombro
Doloroso”, obra que granjeou o elevado reconhecimento entre os seus pares.
A
aposentadoria funcional veio acompanhada de outros encargos, canalizando os
seus esforços e competência para a Academia Cearense de Medicina, da qual foi
fundador e ocupante de vários cargos diretivos, incluindo a presidência desse
sodalício.
Foi
fundador e presidente de honra da Federação Brasileira das Academias de
Medicina. Era ainda membro honorário da Academia Brasileira de Medicina Militar
e da Academia Fluminense de Medicina e membro correspondente das Academias de
Medicina de vários estados: Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Paraná e
São Paulo.
O seu
nome está imortalizado na Academia Cearense de Medicina, na Academia Brasileira
de Reumatologia, na Medalha do Mérito Reumatológico Prof. Geraldo Gonçalves e
também como Patrono dos Médicos de 1977 da UFC. Era cidadão fortalezense,
título conferido pela Câmara Municipal de Fortaleza. Em
O
avançar dos anos não o abateu, mantendo-se ativo e cumprindo ousados desafios
no campo literário, ao trilhar o campo das ideias, como memorialista,
redundando no volumoso livro “De Kolynos a Sorriso”, que reúne suas memórias
pessoais, e no alentado “Reumatologistas Brasileiros”, traçando a História
dessa especialidade e de seus principais especialistas no Brasil. Era sócio da
Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional Ceará.
Ultrapassou
a barreira dos noventa anos de idade, lúcido, ativo e obstinado em se fazer
útil. Possuidor de um farto senso de humor, colecionou, ao longo da vida, uma
série de causos médicos, alguns deles tornados públicos em suas memórias.
Encarava a “indesejada das gentes” com tanta naturalidade, que costumava
anunciar que já se encontrava na “plataforma de lançamento”, desta para a
melhor, e até cobrava que fosse feito o seu necrológio, quando isso viesse a
ocorrer.
O Dr.
Geraldo Gonçalves faleceu em Fortaleza, aos 95 anos de idade, em 1º/11/2016.
Fonte: SILVA,
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