Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
Buscar um mandato eletivo ou exercer uma atividade
pública significa muita responsabilidade ética, moral e social. Aqueles que
assumem um cargo na vida pública pensando em fazer negócios, agir de forma
deslumbrada ou omissa, desenvolver tráfico de influências, dentre outras
atitudes, não possuem sensibilidade social e muito menos moral, são dominados
por forças da corrupção. Não são democratas. Por outro lado, a coerência
programática e de boas ideias, abrangendo indicadores políticos,
administrativos, econômicos e sociais, nos dão o caminho da justiça e da
liberdade, sem opressão física ou moral, mas com capacidade de entendimento
ético- jurídico. O objetivo da atividade estatal deve ser o bem comum e não a
vantagem de uma minoria ou de alguns que estão temporariamente no governo.
Lembremo-nos de Rousseau no "Contrato
Social", quando preconizou a submissão
do governo, até então dominado pelo absolutismo monárquico, a uma vontade geral
- uma espiritualização da democracia. O embate e os jogos dos contrários
constituem a essência dos sistemas democráticos. Mas uma regra se impõe: as
democracias não podem ser ameaçadas pelas estratégias de emboscadas e conluios,
bem como por atitudes aéticas e amorais, muito comuns em regimes fragilizados
pela baixa institucionalização de sua vida política. É claro que a situação
socioeconômica, notadamente nos países emergentes, ainda é muito grave, porém a
desejada independência e harmonia dos poderes constituídos, a liberdade de
imprensa, a autoestima e a consciência dos direitos e obrigações das pessoas
são pontos básicos para a consolidação da democracia e, em consequência, a
certeza de uma melhor qualidade de vida. Um país precisa de caminhos
pavimentados pela crença e pela largueza de propósitos, observando-se, acima de
tudo, os verdadeiros interesses da população. Para tanto, é fundamental que,
principalmente a classe política tenha um comportamento compatível com a
ética, a transparência e com o espirito público. Lembremos John F. Kennedy
"Aqueles que impedem as revoluções
pacificas preparam as revoluções sangrentas"
e Dostoievsky: "O segredo da existência
humana consiste não somente em viver, mas ainda em encontrar um motivo para
viver".
(*) Economista. Professor aposentado da UFC.
Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 20/9/2021.
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