Em 21/09/2004, o Ceará, e não apenas a
medicina cearense, perdeu um dos seus maiores vultos da recente história dessa
indômita gente. O desaparecimento prematuro do Prof. Dr. Eduardo Régis Monte Jucá,
aos 68 anos de idade, quando ainda se encontrava no apogeu de sua intensa vida,
marcadamente produtiva, causou um clima de consternação que se disseminou,
rapidamente, em diferentes segmentos sociais, repercutindo, intensamente, na
mídia cearense.
Poucos homens públicos do Ceará receberam,
quando chamados à Casa do Pai, manifestação tão calorosa e espontânea de
despedidas dos conterrâneos quanto o Dr. Régis Jucá, cujo velório ocorrido no Salão
Nobre da Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), suscitou a presença
de uma incontável legião de seguidores. Essa foi uma evidente expressão da
admiração e respeito ao médico que exerceu o seu ofício, com ciência e arte,
dando o melhor de si e da sua conhecida competência para servir bem ao próximo,
vendo em cada paciente um irmão, a quem sempre ofereceu um bálsamo para
mitigar o sofrimento.
Ao que parece, o grave diagnóstico, que lhe
fora conferido um ano antes do seu passamento, abateu mais os seus amigos,
pacientes e admiradores do que a ele próprio, porquanto, embora se não tenha
furtado ao tratamento ou se omitido na busca de uma melhor assistência médica,
seguiu a sua rotina de trabalho e de vida social e intelectual, com o empenho e
a dedicação de sempre, encarando a enfermidade como um percalço natural da
existência humana a ser debelado, da mesma maneira que ele dava a esperança e o
conforto aos seus incontáveis pacientes.
Da realeza de seu prenome, que transparece
até uma premonição paterna batismal, e da resistência firme do seu sobrenome
Jucá, madeira duríssima com que se faziam tacapes, e que serviu de denominação
à tribo indígena que habitava a margem ocidental do rio Jaguaribe, Régis findou
seus dias como um César romano; morreu em pé, em plena atividade física e
mental, sem ter sequer tombado, donde se fazer a indagação paulina: Ó morte,
onde está a tua vitória?
Acumulou em vida muitas homenagens rendidas
por seus pares e por diferentes estamentos sociais cearenses e, postumamente,
passou a denominar logradouros e variados estabelecimentos de saúde de
Fortaleza.
Quando de sua chegada aos sessenta anos de
idade, uma sincera homenagem lhe foi rendida, por meio das dezenas de textos
reunidos, em um livro, sob a batuta do jornalista Lustosa da Costa, cujo
sugestivo título “O Amigo do Peito”, encaixou, com precisão, o apreço e a devoção
ao valoroso médico cearense, de seus inúmeros beneficiados.
A UFC teve a feliz empreitada de publicar,
postumamente, a obra “Com o Coração nas Mãos”, contendo artigos de autoria do
Dr. Régis Jucá, que contribuirá para manter vivo, nas gerações vindouras, os
seus feitos e as ideias deste cidadão que muito amou a medicina e a cultura
cearenses. Essa obra foi lançada em solenidade realizada, na Reitoria da UFC,
em Fortaleza, em 8/08/2006, com renda inteiramente destinada ao Instituto do
Câncer do Ceará.
Para preservar os notáveis feitos desse
exímio cirurgião cardíaco do Ceará, o cardiologista José Maria Bonfim de
Morais, perlustrado membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores -
Regional Ceará e da Academia Cearense de Médicos Escritores, publicou em 2014 o
livro “Régis Jucá: o triunfo do talento. O fulgor do carisma”, um alentado
volume que, em suas 275 páginas, traça uma minudente biografia do seu
perfilado.
Acad. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Academia Cearense de Medicina
– Cad. 18
*Publicado In:
Jornal do médico digital, 2(16): 34-35, agosto de 2021. (Revista Médica Independente do Ceará).
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