Minha jangada de vela,
Eis que a terra de Iracema, decantada por Alencar com os seus
“verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da
carnaúba”, entrega aos nossos congressistas os presentes Anais do XXVIII
Congresso Brasileiro de Médicos Escritores, evento conduzido pela Regional
Ceará da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (Sobrames/CE) na Terra da
Luz, assim cognominada por ser a primeira província brasileira a abolir a
escravidão no século XIX.
Com efeito, em 25 de março de 1884, portanto, quatro anos antes
da promulgação da Lei Áurea em 13 de maio de 1888, a antiga província do Ceará
concedia liberdade a cerca de trinta mil cativos. Reconta a história oficial
que o então prático marítimo Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde,
mais conhecido como o Dragão do Mar, já em 30 de agosto de 1881 bradara: “No
Porto do Ceará não se embarcam mais escravos”, interrompendo o trânsito dos
cativos nessa capital provincial.
Esta obra, que reúne os principais acontecimentos relacionados ao
congresso patrocinado pela Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, é aberta
com as mensagens dos sobramistas dando as boas-vindas aos médicos escritores do
Brasil que aderiram ao congresso, na condição de participantes, ainda que
virtualmente, em decorrência da pandemia da Covid-19 no Brasil.
O livro contém todos os trabalhos aprovados para apresentação,
as homenagens póstumas aos sobramistas falecidos recentemente e uma síntese das
conferências programadas para exposição no congresso. Nele estão agregados
também o programa e outras informações sobre os congressos anteriores e as
diretorias atuais de Regionais da Sobrames. Um especial destaque foi conferido
ao Projeto ELAM (Estudo da Literatura e Arte na Medicina) por seu papel indutor
da vocação de futuros médicos escritores.
Ao Ceará se atribui a posse do rotulado “o maior rio seco do
mundo”, o jornalista e escritor Demócrito
Rocha descreveu o
nosso principal rio com os seguintes versos:
O Rio Jaguaribe é uma artéria aberta por onde
escorre e se perde o sangue do Ceará. / O mar não se tinge de vermelho porque o
sangue do Ceará é azul ...
Para encerrar, o sangue celeste do Ceará traz à lembrança as poesias
de Patativa do Assaré que traduzem “o
que há de mais puro na expressão do mundo do sertão”, recorrendo aos seus
afamados versos, dispostos em “Cante Lá Que Eu Canto Cá”:
Poeta, cantô de rua,
Que na cidade nasceu,
Cante a cidade que é
sua,
Que eu canto o sertão
que é meu.
Dr.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Editor
dos Anais do XXVIII Congresso Brasileiro de Médicos Escritores
*Publicado In: Jornal do médico, 18(141): 24, outubro de 2021.
(Revista Médica Independente do Ceará).
RI-JMédico-Dia-do-Médico-2021-app.pdf
(jornaldomedico.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário