quarta-feira, 20 de outubro de 2021

ENSINO SUPERIOR E RETORNO PRESENCIAL

Por Paulo Sérgio Dourado Arrais (*)

É público e notório que, a melhor forma de garantir o retorno seguro às salas de aula é através da vacinação de todos os docentes, estudantes e técnico-administrativos, seguido da garantia, por parte das instituições, das condições necessárias para o desenvolvimento das atividades presenciais.

Isto inclui o fornecimento de equipamentos de proteção individual, como máscara e protetor facial, insumos para higiene das mãos, como sabão e álcool gel 70%, higienização dos vários espaços de convívio, banheiros e veículos de transporte de alunos, e lanchonetes existentes nos campi.

Campanhas educativas também devem ser implementadas, assim como procedimentos de testagem rápida para identificação de alunos positivos para COVID-19, pois estudo desenvolvido com outros pesquisadores, junto aos alunos da UFC (Dezembro/2020), evidenciou essa necessidade.

Os alunos correm sérios riscos de contaminação, já que identificamos manuseio inadequado das máscaras, a falta de cuidados com a higiene das mãos e pessoal, o uso de transporte coletivo para seus deslocamentos a universidade e o não cumprimento de medidas de distanciamento social.

Por outro lado, é importante frisar que, o retorno às atividades presenciais, não devem se limitar a melhora na infraestrutura de salas de aula, a compra de insumos para garantir as medidas de prevenção e controle, da higienização de espaços.

É preciso entender que, muitos dos nossos alunos, irão retornar fragilizados, deprimidos, pela perda de familiares e amigos, pelo desemprego e pelas dificuldades financeiras dos pais.

No estudo desenvolvido na instituição, verificamos que 54,4% das famílias dos estudantes tinham renda igual ou menor que dois salários mínimos, 20,3% recebiam auxílio da IES e 70,8% referiu que, no momento da pesquisa, sua família havia recebido auxílio emergencial do governo.

Diante do exposto, as instituições devem organizar espaços para acolhimento e acompanhamento desses alunos, cuja saúde mental esteja comprometida e dar as condições necessárias para aqueles que, por ventura, tenham contraído o vírus e tenham de ficar em casa.

(*) Doutor em Saúde Pública e professor da UFC.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 18/09/2021. Opinião. p.16.

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