A coluna de hoje está diferente.
Com o
aperitivo inicial, uma historinha do coronel Chico Heráclio, de Pernambuco.
O voto é secreto
Foi o
mais famoso coronel do Nordeste. Em Limoeiro, quem mandava era ele. Era o
senhor da terra, do fogo e do ar. Ou obedecia ou morria. Fazia eleição como um
pastor. Punha o rebanho em frente à casa e ia tangendo, um a um, para o curral
cívico. Na mão, o envelope cheinho de chapas, que ninguém via, ninguém abria,
ninguém sabia. Intocado e sagrado como uma virgem medieval. Depois, o rebanho
voltava. Um a um. Para comer. Mesa grande e fartura fartíssima. Era o preço do
voto. E a festa da vitória. Um dia, um eleitor foi mais afoito que os outros:
–
Coronel, já cumpri meu dever, já fiz o que o senhor mandou. Levei as chapas,
pus tudo lá dentro, direitinho. Só queria perguntar uma coisa ao senhor – em
quem foi que eu votei?
– Você
está louco, meu filho? Nunca mais me pergunte uma asneira dessa. O voto é
secreto.
(Do
manual de Sebastião Nery)
Fonte: Gaudêncio
Torquato (GT Marketing Comunicação).
Nenhum comentário:
Postar um comentário