Por Henrique Soárez (*)
Em 1798, Timothy Dwight, presidente de Yale College, alegava que Thomas
Jefferson era o candidato da Ordem dos Iluminados à presidência dos Estados
Unidos. Em 1920, Winston Churchill alertava sobre uma aliança entre "judeus
internacionais" e comunistas para abolir a religião e os estados-nação.
Fake news e teorias conspiratórias são coisas diferentes. Fake news são informações inverídicas
circuladas intencionalmente (para descreditar algum indivíduo, por exemplo). Já
uma teoria conspiratória é proferida por alguém que acredita, mesmo arriscando
receber um diagnóstico de paranoia clínica, ter descoberto um plano sorrateiro
em andamento para conquistar poder.
Fake news atacam pessoas, teorias conspiratórias mobilizam seguidores
através do medo comum.
A relevância das teorias conspiratórias parece ter se mantido estável na
última década, segundo a análise do cientista político Joseph Uscinski. Já as notícias falsas crescem
rapidamente em influência: a plataforma NewsGuard calcula que o engajamento do
cidadão americano médio com fontes não-confiáveis dobrou entre 2019 e 2020.
Mentiras jogadas em grupos de WhatsApp resistem até à exposição por núcleos de
"fact-checking" - serviços nascidos para combater a desinformação,
que logo são rotulados de tendenciosos. Assim, é preocupante que os dois
principais candidatos à presidência da república em 2022 tenham relacionamentos
tão inamistosos com a livre imprensa.
Bolsonaro chama de canalhas os jornalistas que o desagradam. Suas redes
sociais abusam da criatividade nas narrativas para nutrir a fidelidade dos seus
seguidores.
Lula, por outro lado, torna a falar em regulação social dos meios de
comunicação, alude a organizações típicas de regimes autoritários e acena com a
dependência de financiamento público por parte dos veículos da imprensa.
Não existe democracia sem imprensa livre. O exercício da cidadania
pressupõe que o direito do voto será exercido por pessoas bem-informadas.
Candidatos democráticos deveriam trabalhar diligentemente pela qualidade das
informações que circulam em nosso país.
(*)
Engenheiro eletricista, diretor do Colégio
7 de Setembro e da Uni7
Fonte: Publicado In: O Povo, de 7/10/21. Opinião, p.22.
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