Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
Entendemos por ética a parte da filosofia que trata de
disciplinar e orientar o comportamento humano, ou seja, é a ciência da moral.
Esta, por sua vez, representa os bons costumes e a boa conduta, de acordo com os
preceitos socialmente fixados pela sociedade. Já a governabilidade pode ser
entendida pela qualidade intrínseca do governante, significando a importância
da tranquilidade política e socioeconômica para que um governo possa
desempenhar suas atividades básicas. Em todos os tempos e sob qualquer regime a
governabilidade só alcançou sucesso na medida em que se apoiou em princípios
éticos. “O fim justifica os meios”, conforme Maquiavel, não é uma atitude estratégica e
muito menos ética, mas uma conduta incorreta que não leva uma sociedade a uma
situação de justiça, bem como baseada na essência da democracia. Nos dias
atuais existem muitos países ditos democráticos; elegem seus governantes,
todavia, não apresentam uma sincera e clara harmonia entre os aspectos éticos e
de governabilidade. Esses países são subdesenvolvidos, estão em fase de
desenvolvimento ou, até mesmo, podem ser considerados desenvolvidos.
Acreditamos que eles fazem parte de um contexto que é a nova versão do
colonialismo primitivo e do imperialismo industrial, isto é, a globalização
perversa, dominada pelo sistema financeiro internacional. Não é justo atender
exigências monetárias e financeiras significativas, deixando o povo
desempregado, com fome, sem esperança, com problemas de educação, saúde e
violência etc., em função da falsa governabilidade. Os dirigentes de tais
países chegam a rejeitar a ética, argumentando a necessidade da
governabilidade. Lamentavelmente, cremos que alguns governantes não sabem
distinguir os dois conceitos. Por sua vez, defendemos que ética e
governabilidade caminhem juntas, buscando uma sociedade politicamente aberta,
soberana, de economia forte e socialmente justa. A globalização não perversa é
importante, porém, sem explorados e exploradores; sem discriminação; vinculada
a um debate amplo sobre tecnologia, pobreza, crescimento, meio ambiente e
políticas sociais. P.S. Numa Democracia é
fundamental a harmonia e a independência dos Poderes Constituídos.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC.
Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 19/11/2021.
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