Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
Para entendermos doutrinas e princípios inerentes à política, à
economia, à história, dentre outras ciências, é fundamental possuir algum
conhecimento das filosofias socrática, platônica e aristotélica. A ideologia
pode ser vista como um conjunto de verdades definidas por uma pessoa ou grupo
de pessoas. Já o pragmatismo é a interpretação das coisas mediante teses
visando resultados nem sempre duradouros. A ideologia, quando verdadeira,
encontra estratégias para vencer os obstáculos. Já o pragmatismo, procurando
resultados de curto prazo, não consolida uma situação racional. A história nos
mostra que as manifestações ideológicas, quando consistentes, levam-nos a
caminhos pacifistas, éticos, de liberdade, de solidariedade e democráticos. Por
outro lado, o pragmatismo de resultados poderá conduzir uma sociedade para
desencontros de objetivos, bem como para regras de conduta moral duvidosas.
Neste século XXI, os países, quer sejam desenvolvidos ou emergentes, estão em
busca de melhores condições materiais, levando-se em conta, principalmente, o
chamado processo de globalização. Tal quadro criou teorias confusas misturando
teses liberais com teses autoritárias; propostas capitalistas com propostas
socialistas; atitudes pacifistas com atitudes bélicas, até mesmo manifestações
democráticas com manifestações totalitárias. Dentro deste quadro de referência,
é sempre saudável ter a convicção de que a pior democracia é preferível a
qualquer ditadura, como também, em qualquer país, o objetivo da atividade
estatal deve ser o bem comum e não a vantagem de uma minoria ou de quem
governa. As manifestações sinceras e coerentes de apoio e desaprovação a um
governo constituem os pilares básicos de sustentação de um sistema democrático.
São sinceras, quando não se aproveitam de fatores circunstanciais como também
não buscam vantagens eleitoreiras ou de outra natureza, numa visão puramente
tática. Por outro lado, são coerentes quando rejeitam o pragmatismo alienado e
procuram propostas compatíveis com as diretrizes programáticas baseadas em
ideias estratégicas. Ademais, é fundamental ter em mente a defesa de princípios
éticos e morais, bem como a importância dos direitos individuais e sociais.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC.
Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 4/02/2022.
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