segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

IDEOLOGIA E PRAGMATISMO

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)

Para entendermos doutrinas e princípios inerentes à política, à economia, à história, dentre outras ciências, é fundamental possuir algum conhecimento das filosofias socrática, platônica e aristotélica. A ideologia pode ser vista como um conjunto de verdades definidas por uma pessoa ou grupo de pessoas. Já o pragmatismo é a interpretação das coisas mediante teses visando resultados nem sempre duradouros. A ideologia, quando verdadeira, encontra estratégias para vencer os obstáculos. Já o pragmatismo, procurando resultados de curto prazo, não consolida uma situação racional. A história nos mostra que as manifestações ideológicas, quando consistentes, levam-nos a caminhos pacifistas, éticos, de liberdade, de solidariedade e democráticos. Por outro lado, o pragmatismo de resultados poderá conduzir uma sociedade para desencontros de objetivos, bem como para regras de conduta moral duvidosas. Neste século XXI, os países, quer sejam desenvolvidos ou emergentes, estão em busca de melhores condições materiais, levando-se em conta, principalmente, o chamado processo de globalização. Tal quadro criou teorias confusas misturando teses liberais com teses autoritárias; propostas capitalistas com propostas socialistas; atitudes pacifistas com atitudes bélicas, até mesmo manifestações democráticas com manifestações totalitárias. Dentro deste quadro de referência, é sempre saudável ter a convicção de que a pior democracia é preferível a qualquer ditadura, como também, em qualquer país, o objetivo da atividade estatal deve ser o bem comum e não a vantagem de uma minoria ou de quem governa. As manifestações sinceras e coerentes de apoio e desaprovação a um governo constituem os pilares básicos de sustentação de um sistema democrático. São sinceras, quando não se aproveitam de fatores circunstanciais como também não buscam vantagens eleitoreiras ou de outra natureza, numa visão puramente tática. Por outro lado, são coerentes quando rejeitam o pragmatismo alienado e procuram propostas compatíveis com as diretrizes programáticas baseadas em ideias estratégicas. Ademais, é fundamental ter em mente a defesa de princípios éticos e morais, bem como a importância dos direitos individuais e sociais.

(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 4/02/2022.

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