quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

O CINTO DE SEGURANÇA E A VACINA DA COVID

Por Henrique Soárez (*)

Este texto é sobre os Estados Unidos: uma democracia federativa com propensão a debates baseados em dados. Em 1981 somente 11% dos ocupantes de automóveis usavam cinto de segurança.

Ao longo de 40 anos, após novas leis, campanhas educacionais e uso de tecnologia esse índice subiu para 91%. Nos estados onde há sanção primária (multa para qualquer motorista sem cinto) o uso do cinto é 6 pontos percentuais maior que nos estados onde a sanção é secundária (o policial só pode multar o motorista sem cinto se ele for parado por outra infração).

Céticos alegam que o cinto de segurança pode prejudicar o usuário no caso de um acidente em que o carro seja submerso ou pegue fogo. Mas nem 1% dos acidentes envolvem água ou fogo, e nesses casos o cinto de segurança aumenta as chances de os ocupantes estarem conscientes após o impacto.

As forças exercidas pelo cinto de segurança no momento do impacto são significativas e podem até ferir mulheres grávidas e crianças. Isso não significa essas pessoas devam evitar o cinto.

Pelo contrário, devem tomar cuidados especiais quando forem utilizá-lo. Há uma estatística incômoda sobre as vítimas fatais. Entre os 23 mil mortos de 2009, 53% não usavam cinto de segurança.

É óbvio que os usuários do cinto levam vantagem, mas ainda assim, 47% das fatalidades estavam dentro da lei. Por isso é necessário lembrar que naquele ano 84% dos acidentados (4,6 milhões) usavam cinto e somente 16% (880 mil) estavam desprotegidos.

Isso indica que o uso do cinto reduz em 80% o risco de morte por acidente de trânsito (a fatalidade cai de 1,4% para 0,2%). Sim, os airbags aumentam a segurança no trânsito, mas são complementos e não substitutos do cinto.

O uso do cinto de segurança é obrigatório em 49 dos 50 estados americanos. A exceção é estado de New Hampshire. Eu gostaria de morar lá algum dia, mas o que me atrai são as estações de esqui e não a liberdade de dirigir sem cinto.

Em 2017 o uso do cinto de segurança evitou 15.000 mortes de americanos. Já em 2021, nos Estados Unidos, mais de 400.000 morreram de covid. Neste mesmo ano, não fosse a chegada da vacina, outros 1,1 milhão poderiam ter perdido suas vidas naquele país.

(*) Engenheiro eletricista, diretor do Colégio 7 de Setembro e da Uni7

Fonte: Publicado In: O Povo, de 27/01/22. Opinião, p.18.

Nenhum comentário:

Postar um comentário