Por Henrique Soárez (*)
Este texto é sobre os Estados Unidos: uma democracia federativa com
propensão a debates baseados em dados. Em 1981 somente 11% dos ocupantes de
automóveis usavam cinto de segurança.
Ao longo de 40 anos, após novas leis, campanhas
educacionais e uso de tecnologia esse índice subiu para 91%. Nos estados onde
há sanção primária (multa para qualquer motorista sem cinto) o uso do cinto é 6 pontos percentuais maior
que nos estados onde a sanção é secundária (o policial só pode multar o
motorista sem cinto se ele for parado por outra infração).
Céticos alegam que o cinto de segurança pode
prejudicar o usuário no caso de um acidente em que o carro seja submerso ou pegue fogo.
Mas nem 1% dos acidentes envolvem água ou fogo, e nesses casos o cinto de
segurança aumenta as chances de os ocupantes estarem conscientes após o
impacto.
As forças exercidas pelo cinto de segurança no
momento do impacto são significativas e podem até ferir mulheres grávidas
e crianças. Isso
não significa essas pessoas devam evitar o cinto.
Pelo contrário, devem tomar cuidados especiais
quando forem utilizá-lo. Há uma estatística incômoda sobre as vítimas fatais.
Entre os 23 mil mortos de 2009, 53% não usavam cinto de segurança.
É óbvio que os usuários do cinto levam vantagem, mas
ainda assim, 47% das fatalidades estavam dentro da lei. Por isso é necessário
lembrar que naquele ano 84% dos acidentados (4,6 milhões) usavam cinto e
somente 16% (880 mil) estavam desprotegidos.
Isso indica que o uso do cinto reduz em 80% o risco de morte por acidente de trânsito (a
fatalidade cai de 1,4% para 0,2%). Sim, os airbags aumentam a segurança no
trânsito, mas são complementos e não substitutos do cinto.
O uso do cinto de segurança é obrigatório em 49 dos
50 estados americanos. A exceção é estado de New Hampshire. Eu gostaria de
morar lá algum dia, mas o que me atrai são as estações de esqui e não a liberdade de dirigir
sem cinto.
Em 2017 o uso do cinto de segurança evitou 15.000
mortes de americanos. Já em 2021, nos Estados Unidos, mais de 400.000 morreram
de covid. Neste mesmo ano, não fosse a chegada da vacina, outros 1,1 milhão poderiam ter perdido suas vidas
naquele país.
(*)
Engenheiro eletricista, diretor do Colégio
7 de Setembro e da Uni7
Fonte: Publicado In: O Povo, de 27/01/22. Opinião, p.18.
Nenhum comentário:
Postar um comentário