Por Lêda
Maria Feitosa Souto (*)
A volta às aulas não tem o colorido dos outros anos. Com o
avanço da covid-19 e de outras doenças, as mudanças de comportamento e de
rotinas exigem atitudes bruscas para se adequar ao novo. E as crianças e os
jovens padecem, conhecem o medo e o desamor.
Há tendências de animação sob o sol, pouco
brilhante, envolvendo os dias de pandemia, na escola? Sim. Existe a musicalização
infantil, capaz
de incentivar nas unidades escolares a formação de bandinhas, corais,
orquestras? Shakespeare, em Noite de Reis, afirmou: "Se a música é o
alimento do amor, toque". E essa ligação vai muito além, alcançando o
emocional.
A presença dos músicos na escola é algo quase celestial. Não tem preço. Vamos reunir
não só os professores e maestros, mas cantores e instrumentistas da comunidade
em projetos criativos, levando o alunado para cantar, saudando o Pavilhão
Nacional, conhecendo e interpretando a poesia do Cancioneiro
Popular e de
nossos compositores.
O ser humano precisa da música estimulando a coordenação motora, o
desenvolvimento integral, a saúde, a comunicação e o amor de Deus.
Uma professora de música do Colégio das Irmãs
Dorotéias, madre Arruda (para minhas colegas relembrarem), apaixonada que era, repetia
sempre: "Eu gostaria de ensinar o mundo a cantar". Aqui a ideia
caminha em harmonia: "Eu gostaria de ver a escola do Ceará ensinando todos
a cantar".
O governador e o prefeito de Fortaleza cresceram em
um ambiente musical. Camilo Santana, criança, estudou flauta doce na escola de música do Crato. Jovem,
herdou a flauta transversa, de prata, do seu avô materno, José Amorim Sobreira.
Continuou estudando e foi para violão, sax e piano. José Sarto, cantor, descobriu o violão, do
qual até hoje é amigo inseparável.
Os dois líderes têm inspiração e poderes para
executar, com urgência, um melodioso projeto cultural retornando a disciplina de
música (antes era Canto Orfeônico) para a grade curricular da escola pública. A
alegria merece ocupar o cenário das unidades escolares, cenário orquestrado
agora por partituras amargas de um ano que já começa com dificuldades para
celebrar a festa da vida.
(*) Jornalista;
colunista de O Povo; membro
da Academia Fortalezense de Letras.
Fonte: O Povo, de 24/01/2022. Opinião. p.16.
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