Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
No momento atual, sem querermos ser
pessimistas, fatores como a globalização perversa; a busca do poder pelo poder,
não respeitando princípios éticos; o fundamentalismo religioso; o
corporativismo não solidário e autoritário; o capitalismo selvagem, priorizando
os compromissos financeiros especulativos em relação aos gastos nos setores
sociais básicos; os estelionatos eleitorais e administrativos motivados por
alguns mecanismos de marketing e da falsa mídia, dentre outros elementos, estão
conduzindo nações ricas, emergentes e pobres para uma crise que abrange
aspectos morais, socioeconômicos, de desesperança, de irresponsabilidade, de
justiça, de violência, políticos etc. Para aonde vamos? O que queremos? Eis as
grandes questões do século XXI. Se o avanço científico e tecnológico, apoiado
quase sempre num propósito egoísta, para certos segmentos da humanidade
proporcionou melhores condições de vida, para outros não aconteceu o mesmo. Não
somos contra o progresso, todavia não concordamos quando, em consequência,
ocorre uma expansão no número de pessoas excluídas e oprimidas. Tais
inquietações fazem nos lembrar de Gandhi: “A força de um homem e de um povo
está na não violência”, bem como de Santo Tomás de Aquino: “Há homens cuja
fraqueza de inteligência não lhes permite ir além das coisas corpóreas”.
Precisamos, estrategicamente, pensar o futuro. Para tanto, sem preconceitos, é
fundamental a leitura de filósofos e cientistas como Aristóteles, Santo Agostinho,
Kant, Hegel, Engels, Ricardo, Weber e tantos outros. Cremos que a grande crise
mundial é consequência do aumento do pragmatismo tático e da redução das
correntes de pensamento filosófico. Assim disse Confúcio: “Se você quiser
prever o futuro, olhe o passado”. Qual o modelo? Não obstante as diferenças
culturais dos povos, existem características básicas que devem ser comuns: a
justiça; o fim da impunidade; a perspectiva de mobilidade social; a soberania
popular, evidenciada por convicções democráticas e não por forças autoritárias;
também a busca permanente da paz. Nunca procuremos a subserviência para
alcançarmos uma pseudofelicidade, mas sim a inquietação sincera como forma de
chegar à liberdade.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC.
Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias.11/02/2022.
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