Por Henrique Soárez (*)
Seria fácil passar 2022 discutindo a disputa pela
presidência da República. Fácil e míope. É no legislativo que reside o poder para mudar o
país. Quando Lula, em 1993, apontou uma desconcertante uniformidade entre a
maioria dos parlamentares conseguiu somente figurar em uma música dos Paralamas
do Sucesso.
Fernando Gabeira, depois de passar 16 anos na
câmara federal e já com o conhecimento do Mensalão, refletiu sobre a música e
foi levado a concordar com Lula: o número exato de picaretas pouco importava.
Hoje amargamos os crimes revelados pela Lava Jato e somos obrigados a engolir
os R$ 5,7 bilhões destinados aos fundos partidário e eleitoral. Vemos também os
R$ 11,9 bilhões em emendas de relator - o dito orçamento secreto - e a PEC dos
Precatórios -
que abriu espaço para cerca de R$ 108 bilhões de gastos em um ano eleitoral - a
demonstrar quanto dos destinos do país passa pela caneta dos parlamentares.
Há vários movimentos para renovar o Congresso.
O RenovaBR busca capacitar futuros
líderes eleitos para servirem bem a população, independente da ideologia
abraçada por cada um: o currículo percorre da Ética às técnicas de negociação,
passando pelo importante respeito às instituições democráticas.
Já o MBL vai mais diretamente aos meios para
alcançar objetivos do ideário liberal. O mais recente GRITA!, fundado por
veteranos engenheiros do ITA, se propõe a chancelar candidatos comprometidos
com a luta contra a corrupção, como a prisão após julgamento em 2ª instância e o fim do foro
privilegiado.
Sem dúvida esforços louváveis e necessários. Este
articulista, entretanto, pergunta como o desejo de mudança chegará às lideranças
partidárias. Um
congressista em primeiro mandato, agindo de forma independente, terá maiores
chances de evitar sua própria reeleição que de alcançar impacto significativo.
São as lideranças partidárias que definem quem presidirá cada uma das casas,
posições por onde passaram recentemente Eduardo Cunha e Renan Calheiros.
Presidentes de partido são operadores de um sistema que há muito
esqueceu sua razão de existir: servir a população.
(*)
Engenheiro eletricista, diretor do Colégio
7 de Setembro e da Uni7
Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/02/22. Opinião, p.22.
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