Por Henrique Soárez (*)
Quando
o vírus chegou ao Brasil não sabíamos o que esperar. Agora, 2 anos mais tarde,
liberados das máscaras em ambientes abertos, fica mais evidente que as políticas públicas precisam
acelerar para acompanhar a realidade.
A
precaução era no início, corretamente, o valor maior. O vírus era desconhecido e salvar
vidas implicava em cautela extrema. O momento agora demanda objetivos mais
amplos.
Pragmatismo
e liberdade são os valores a resgatar nesta etapa pós-pandêmica. Por precaução tentamos conter o Carnaval, mas agora
sabemos que o esforço trouxe benefícios limitados: as festas aconteceram e o
vírus não voltou a circular. Ao promover o valor do pragmatismo nota-se que a
nova regra das máscaras veio
tarde, pois em ambientes abertos muitos já andavam sem máscaras.
A
liberdade é o valor que busca limitar a intervenção do Estado na
vida do cidadão. Foi legitimamente sacrificada durante a pandemia e sua
restauração exige que as intervenções das autoridades acompanhem o movimento
dos dados e das descobertas científicas.
Com
o que sabemos hoje sobre as formas de transmissão do vírus, talvez fosse melhor
manter obrigatório uso das máscaras em situações de aglomeração de
público, mesmo que ao ar livre, como nos estádios de futebol.
Não
cabe mais falar em emergência ou calamidade pública em decorrência do vírus. Já
é possível prever que a onda de fechamentos agora vistos na China não vai
chegar a Fortaleza.
A
onda que sim irá chegar é a que acontece na Inglaterra: contágio dos idosos
vacinados ou não, que não contraíram a ômicron e, além disso, como acontece com
as viroses sazonais, uma marola de absenteísmo laboral resultado dos sintomas
leves da Covid em adultos vacinados.
Não
cabe mais coibir quem está vacinado e não tem comorbidades. É chegado o momento
dos cuidados se tornarem individuais: quem tem o sistema imunológico debilitado
deve escolher bem as interações sociais e caprichar no uso da máscara.
Para
a população em geral é hora de oficializar que a pandemia acabou.
Se a realidade mudar o governo terá então capital político para voltar a
intervir na vida privada.
(*)
Engenheiro eletricista, diretor do Colégio
7 de Setembro e da Uni7
Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/03/22. Opinião, p.20.
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