Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)
A Quaresma é
um tempo privilegiado para intensificar nossa conversão, mudança de vida,
transformação de nossa consciência e do modo de agir. Muito propício para o
Tempo de Quaresma é o exercício penitencial do jejum, tão esquecido e
desvirtuado atualmente.
Fala-se muito
em jejum "detox", jejum intermitente, que podem ser ferramentas
eficazes para emagrecer, mas não tem nenhum valor espiritual. É importante
observar que o jejum não é uma dieta, mas uma pratica espiritual que aumenta
nossa intimidade com Deus, e fortalece a virtude da temperança.
Segundo Santo
Agostinho, o jejum "purifica a alma,
eleva a mente, subordina a carne ao espírito, cria um coração humilde e
contrito, espalha as nuvens da concupiscência, extingue o fogo da luxúria e
acende a verdadeira luz da castidade"
(Sermão sobre a oração e o jejum).
Podem e devem
fazer jejum todos os católicos maiores de idade até os 60 anos
completos.
Como fazer
jejum? Vou citar o básico, chamado jejum da Igreja, é aquele em que se
toma o café da manhã e deixa-se de fazer uma refeição, a escolha almoço ou
jantar, substituindo a refeição escolhida por um lanche simples. O importante é
não comer nada fora dessas refeições.
O jejum
que Deus quer é aquele que vem fruto da humildade. O próprio Jesus
disse que há certos pedidos certas orações que só conseguiremos somados a jejum
e penitência (cf. Mt 17,20). Jejuar e orar nos ensinam a confiar mais em Deus e
no seu auxílio, bem como vencer as batalhas espirituais.
De nada adianta
o jejum se o coração é orgulhoso, se a língua é ferina, e se usamos do jejum
para prática da injustiça, porque o jejum que agrada a Deus, como Ele diz
através do Profeta Isaías, é aquele que quebra a cadeia da injustiça, é aquele
que rompe, liberta os que estão sendo oprimidos.
O jejum
verdadeiro é aquele que partilhamos o alimento com quem não tem, a prática
da caridade faz parte do jejum. O jejum que agrada a Deus e que nos é
proposto como prática quaresmal inclui obra de caridade, é cobrir o que está
nu, levar o consolo aos doentes, dar pão a quem tem fome, água a quem tem sede.
Esse é o jejum verdadeiro que brota de um espírito contrito. Só assim não será
só mais um gesto externo, mas sim uma transformação de vida.
A oração suplica
a Deus, o jejum ajuda a alcançar a graça e a caridade estende-se a quem
necessita. Que Deus nos ajude a viver santamente o tempo da Quaresma.
(*) Fundador e presidente da
Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de
Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O Povo, de 26/03/2022. Opinião. p.18.
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