quinta-feira, 7 de abril de 2022

PASSAPORTE VACINAL NA UNIVERSIDADE

Por Roberto da Justa Pires Neto (*)

Depois de muita cobrança da comunidade universitária e de um longo período de omissão, a Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC) divulgou no dia 9 de março uma portaria instituindo o comprovante vacinal como critério para que estudantes e professores retornassem às aulas presenciais. Também foi publicado o "Guia Tô de Volta", com orientações normativas para essa retomada.

Apesar de não citar explicitamente o termo "passaporte vacinal", a normativa foi uma mudança de postura. A administração superior, finalmente, cedeu às pressões da comunidade acadêmica pela adoção de medidas de proteção respaldadas pela ciência, apesar de ainda fazê-lo de forma equivocada e desresponsabilizando a Reitoria. Várias unidades acadêmicas já vinham se organizando para implementar o passaporte vacinal e outras medidas à revelia da gestão superior.

A mudança de postura também se dá em decorrência da imposição da lei. Decreto do Governo do Estado de 5 de março de 2022 já condicionava o retorno das atividades de ensino à apresentação do passaporte vacinal. A UFC estaria descumprindo a lei se retomasse as aulas presenciais sem a comprovação vacinal. Além disso, a UFC foi uma das últimas entre as 69 universidades federais a instituírem o passaporte da vacina.

Mesmo com a sinalização positiva da Reitoria, a mobilização permanece necessária, inclusive porque há alguns itens do Guia Tô de Volta que requerem atenção, como o tópico que prevê uma autodeclaração, a ser enviada aos professores, pelos alunos não vacinados, que devem ser colocados em regime especial temporariamente. Aqui parece evidente que a fiscalização do passaporte recairá sobre o professor, quando deveria ser garantida já no ato da matrícula.

Outra fragilidade encontrada é a ausência do protocolo de testagens. Essa omissão por parte da Universidade é inaceitável e representa riscos para a comunidade acadêmica e seus familiares. Neste momento, as entidades acadêmicas e sindicais devem continuar acompanhando e cobrando da Reitoria medidas seguras e uma postura transparente sobre os protocolos de prevenção à Covid-19.

(*) Médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina da UFC.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/03/2021. Opinião. p.18.

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