Por Ana Paula Brandão (*)
De tempos em tempos, a Enfermagem parece voltar ao
seu contexto histórico inicial para evidenciar a sua grandiosidade. Se foi na
guerra que nos forjamos, é nela que parecemos permanecer ao enfrentamento os
desafios diários que permeiam a rotina da maior classe profissional da saúde
brasileira. Só no Ceará somos mais de 92 mil trabalhadores ativos,
desenvolvendo uma atuação científica para estar 24h por dia ao lado dos
pacientes.
A pandemia, que ainda mata diariamente, jogou luz a
uma escassez que, ironicamente, não é novidade para quem faz a assistência de
enfermagem. Faltam profissionais nos postos de trabalho, existe carência na
disponibilização de equipamentos de proteção individual; sobram situações
limites, que exigem, para além da ciência, habilidade humana no trato e nas
evoluções clínicas. Todos os dias.
Quiséramos nós, porém, que a luta diária da
Enfermagem findasse ao término da sua jornada. Atualmente, a nossa briga passa,
também, pela própria sobrevivência. Vivenciamos uma busca constante pela
efetivação de prerrogativas previstas na Constituição de um país com a democracia
em risco, onde o poderio ainda está nas mãos de quem detém o capital. Se por um
lado fomos evidenciados na mídia, por outro ainda sofremos com o cerceamento do
nosso direito de irmos às ruas denunciar abusos patronais. Mas, a gravidade
dessa situação só nos encoraja.
A vitória conquistada na Câmara dos Deputados, no
último dia 04 de maio, quando foi aprovado o Projeto de Lei 2564/2020, que fixa
o piso nacional da enfermagem, foi mais um passo dado rumo à valorização que
merecemos. Aguardamos a sanção presidencial muito mais cientes do nosso valor
histórico, da nossa essencialidade na manutenção da saúde e, sobretudo, do
nosso poder de mobilização que passa pela força dos profissionais, mas,
sobretudo, conta com o apoio dos milhares de pacientes que atendemos todos os
dias.
Se toda guerra tem seu fim, a nossa terminará com a
vitória daqueles que não fogem à luta. Muito prazer, somos a Enfermagem.
(*) Enfermeira, Vereadora de Fortaleza.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/05/2022. Opinião. p.18.
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