segunda-feira, 16 de maio de 2022

A GUERRA E A GARRA DE SERMOS ENFERMAGEM

Por Ana Paula Brandão (*)

De tempos em tempos, a Enfermagem parece voltar ao seu contexto histórico inicial para evidenciar a sua grandiosidade. Se foi na guerra que nos forjamos, é nela que parecemos permanecer ao enfrentamento os desafios diários que permeiam a rotina da maior classe profissional da saúde brasileira. Só no Ceará somos mais de 92 mil trabalhadores ativos, desenvolvendo uma atuação científica para estar 24h por dia ao lado dos pacientes.

A pandemia, que ainda mata diariamente, jogou luz a uma escassez que, ironicamente, não é novidade para quem faz a assistência de enfermagem. Faltam profissionais nos postos de trabalho, existe carência na disponibilização de equipamentos de proteção individual; sobram situações limites, que exigem, para além da ciência, habilidade humana no trato e nas evoluções clínicas. Todos os dias.

Quiséramos nós, porém, que a luta diária da Enfermagem findasse ao término da sua jornada. Atualmente, a nossa briga passa, também, pela própria sobrevivência. Vivenciamos uma busca constante pela efetivação de prerrogativas previstas na Constituição de um país com a democracia em risco, onde o poderio ainda está nas mãos de quem detém o capital. Se por um lado fomos evidenciados na mídia, por outro ainda sofremos com o cerceamento do nosso direito de irmos às ruas denunciar abusos patronais. Mas, a gravidade dessa situação só nos encoraja.

A vitória conquistada na Câmara dos Deputados, no último dia 04 de maio, quando foi aprovado o Projeto de Lei 2564/2020, que fixa o piso nacional da enfermagem, foi mais um passo dado rumo à valorização que merecemos. Aguardamos a sanção presidencial muito mais cientes do nosso valor histórico, da nossa essencialidade na manutenção da saúde e, sobretudo, do nosso poder de mobilização que passa pela força dos profissionais, mas, sobretudo, conta com o apoio dos milhares de pacientes que atendemos todos os dias.

Se toda guerra tem seu fim, a nossa terminará com a vitória daqueles que não fogem à luta. Muito prazer, somos a Enfermagem. 

(*) Enfermeira, Vereadora de Fortaleza.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/05/2022. Opinião. p.18.

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