Por Vladimir Spinelli Chagas (*)
Desde
18 de fevereiro de 2021 o Providence, um veículo tipo rover, encontra-se
explorando alguns quilômetros de Marte, com fotos, vídeos e sons
daquele ainda misterioso planeta.
Para
ter mais informações, serão coletadas amostras de diferentes locais da cratera
onde se encontra o Providence. Mas essas amostras serão armazenadas lá mesmo e
resgatadas pela Nasa, possivelmente depois de 2030.
Recentemente,
assisti parte de um documentário sobre as explorações em Marte, em que eram
mostradas hipóteses para uma sobrevivência humana naquele
planeta, explorando vários pontos inicialmente negativos para isto. Uma
questão, por exemplo, é que uma viagem a Marte tem que ser planejada para
ocorrer em momento programado. Qualquer mudança de planos atrasaria o projeto
em 26 meses, para retornar ao único ponto de alinhamento em
que se consegue pousar com segurança.
A
fina e fraca atmosfera marciana, composta em 98% de dióxido de carbono,
obrigar-nos-ia a inalar 14 mil vezes, para respirarmos como aqui. As perigosas tempestades
de poeira cobrem o planeta por meses. Água, somente nas calotas
polares, na forma de gelo. Temperaturas variando de -125, no inverno, a 22
graus celsius, no verão marciano.
Tornar
Marte habitável vem exigindo elevados investimentos. De 1960 a
1972, os norte-americanos investiram U$107 bilhões (preços de 2016) e, no atual
orçamento, projetam outros U$26 bilhões, dos quais grande parte para o programa
Artemis, que pretende retornar o homem à Lua, como uma espécie de escala para
uma futura ocupação de Marte.
Enquanto
isso, o ambiente na Terra vem sendo sistematicamente destruído
pelo próprio homem, lembrado somente em intermináveis encontros das grandes
potências, em discussões que nunca se tornam ações de fato. Se dele
cuidássemos, não precisaríamos de outra casa.
E
a África? Bem mais próxima, com inúmeras vantagens, uma população
carente de tanto, extensas áreas que podem ser aproveitadas com
tecnologias adequadas... Marte ou África? O bom senso aponta para África, mas a
visão megalômana do homem, não. Destruir a Terra e partir para Marte parece ser
o plano.
(*) Professor
da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do
CRA-CE.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/04/21. Opinião, p.18.
Nenhum comentário:
Postar um comentário