Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Bastaria lembrar a crise climática, as consequências
econômicas desta pandemia, temperadas pelas conquistas tecnológicas e agravadas
pelos embates políticos e as guerras, que fizeram desaparecer o apogeu e
provocaram o declínio de muitas premissas tidas como sólidas…
Em meio a um contexto de
pandemia e crise econômica, penso e discuto a importância de o indivíduo
instruir-se seguramente no que concerne a formação para o futuro trabalho da
juventude em geral e a brasileira em particular.
Quanto aos nascidos neste mundo
contemporâneo que se torna cada vez mais líquido, nas palavras do filósofo judeu-polonês
Zygmunt Bauman (1927-2017), arrazoo afoitamente e pergunto: “Teriam os jovens de hoje muito a
esperar ou muito a perder?”.
Bastaria lembrar a crise
climática, as consequências econômicas desta pandemia, temperadas pelas
conquistas tecnológicas e agravadas pelos embates políticos e as guerras, que
fizeram desaparecer o apogeu e provocaram o declínio de muitas premissas tidas
como sólidas.
Resumindo: a pós-modernidade
trouxe com ela a fluidez do líquido existencial, ignorando divisões e
barreiras, assumindo formas, ocupando espaços, diluindo certezas, crenças e
práticas.
Os nascidos após 1990 (a
apelidada geração Z) sofrem hoje máximas taxas de desemprego, maiores impostos,
além das dívidas pós-pandemia e de um mundo cada vez mais internáutico, quando
a ciência estuda as comunicações e o sistema de controle não só nos organismos
vivos, mas também nas máquinas.
Por falar em gerações que me
sucederão, permita-me recordar esta subdivisão geracional (conferir
detalhes em (https://www.pewresearch.org/fact-tank/2019/01/17/where-millennials-end-and-generation-z-begins/):
Baby Boomers são a geração que nasceu
após a Segunda Guerra Mundial, entre 1946 e 1964, uma época que foi marcada por
um forte aumento nas taxas de natalidade. O termo “baby boomer” é usado às vezes em um
contexto cultural. Dessa forma, os Baby Boomers cresceram com medo de uma
guerra nuclear, mas acreditando que existiria um milagre econômico e também uma
explosão das estatais. No começo isso aconteceu, no entanto, as crises não
demoraram a chegar.
Geração X é como os demógrafos e os
pesquisadores costumam designar quem nasceu desde o início dos anos 1960 até o
final dos anos 70.
Millenials, também conhecidos como a Geração Y. Os demógrafos e pesquisadores
usam tipicamente o início dos anos 1980 até meados da década de 90 como anos de
nascimento.
Zoomers, é a geração de pessoas
que sucederam a Geração Y, com nascimento desde meados da década de 1990 até o
início dos anos 2000, embora ainda haja pouco consenso quanto ao ano de término
dos nascimentos. Denominados de “nativos digitais”, têm mais afinidade com a
tecnologia, por isso acabam levando uma vida que não distingue entre o ‘online’ e o “offline”.
Vale destacar que a geração Z
está entrando agora no mercado de trabalho e que seus componentes são muito
proativos e empreendedores. Por outro lado, podem ser exigentes e, em
simultâneo, imediatistas. Ao contrário do que se imaginava antes da virose de
2020, embora a maior parte deles ter nascido no período mais próspero da
história da humanidade, não sabem prever o futuro.
Os anos vividos me ensinaram
que o futuro dependerá daquilo que fazemos no presente. E que essa última
geração – a geração Z – foi a primeira que nasceu num ambiente completamente
digital. Essa geração não precisou, como as anteriores, fazer cursos de
informática básica para lidar com computadores à semelhança da minha, que
necessitou aprender datilografia. Disso tenho certeza. Prever o futuro é muito
mais fácil quando o futuro que me resta é tão pequenino. Mas, é o que penso e
sei que a minha obrigação é preparar e alertar os que me sucederão. Assim, digo
e afirmo: se vários podem ser os futuros, como se poderá prever como e quando
um deles acontecerá?
Resta-me apenas
parafrasear Sir Winston Leonard Spencer-Churchill (1874-1965): “É muito fácil profetizar, quando
sabemos que os que vão nos ler ou ouvir, todos ou na maioria, não estarão mais
por aqui, em breve curso do tempo”.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
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