Por Lauro Chaves Neto (*)
Após a grande recessão de 2014-2016 e antes da
pandemia sanitária, o desempenho da economia brasileira foi muito baixo, com um
crescimento médio de 1,4% ao ano. Para 2022, em janeiro as previsões que o
mercado elabora e o Banco Central consolida no Boletim Focus, eram de um
crescimento da economia de 0,3%. Hoje, a maior parte dos economistas já traça
cenários entre 1% e 1,5%.
O fim das restrições impostas no combate a pandemia
acelerou a recuperação do setor de serviços, a concessão de crédito segue em
bom nível, além da retomada de parte da indústria, ajudaram na geração de
empregos.
Por outro lado, o salário médio é um dos menores
desde o fim do ciclo de desenvolvimento com os 16 anos de FHC/Lula, o PIB per
capita deverá encerrar o ano aproximadamente inferior ao de 2010.
Se o salário médio caiu, vale reforçar que grande
parte desses trabalhadores não possuíam renda alguma há mais de um ano. Entre
março do ano passado e março de 2022, mais de 8 milhões de pessoas conseguiram
algum trabalho e a taxa de desemprego é a menor desde 2016.
As recentes elevações nos juros, os cenários com
baixo crescimento esse ano e a perspectiva de uma campanha eleitoral pouco
propositiva e muito extremada, não reduziram a confiança dos consumidores e dos
empresários.
O front externo reserva outros grandes riscos de
choques internacionais. Existe o temor de eventos como uma eventual paralisação
da economia chinesa, da elevação nos juros norte-americanos, de novas ondas de
Covid e do acirramento da guerra da Ucrânia, que isolados, ou pior, somados
podem ter como consequência menor atividade econômica e maior inflação.
Até meados do ano, deverá existir o impacto
positivo de medidas como a liberação parcial do FGTS, a antecipação do 13º
pagamento dos benefícios do INSS, a renegociação das dívidas do Simples e
alteração nas regras do consignado, porém, para os trimestres finais do ano
existe o cenário de desaceleração da economia.
É nesse contexto, de copo em menor parte cheio e em
maior parte vazio, que a sociedade brasileira deveria pautar a eleição de 2022,
exigindo dos candidatos ao Executivo e ao Legislativo propostas e compromissos
necessários ao desenvolvimento.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 30/05/22. Opinião. p.18.
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